Trabalhadores da hotelaria e turismo não abdicam de aumento salarial
Os proveitos decorrentes do aumento do turismo no nosso País quase que duplicaram nos últimos cinco anos, contudo os trabalhadores da hotelaria, turismo e restauração continuam a auferir salários de miséria. As contas foram feitas pela Federação dos Sindicatos da Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht) no anúncio de uma concentração promovida na manhã de segunda-feira, 16, frente à sede da associação patronal, no Porto.
Na nota, a Fesaht revelou que em Outubro do ano passado apresentou uma proposta de crescimento dos salários de 4 por cento com um mínimo de 40 euros, para que a remuneração mínima fosse de 650 euros em 2019. O patronato, no entanto, e depois de muita insistência, trouxe à reunião uma contra-proposta de aumento de 2 por cento, «uma afronta aos trabalhadores tendo em conta os salários baixos praticados e a excelente situação económica do sector».
Entretanto, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro veio a público desmentir a tese da falta de mão-de-obra por parte dos empresários na cidade da Figueira da Foz, e denuncia que o que a realidade mostra é uma sobre-exploração desenfreada.
Além do recurso abusivo a jovens em estágio profissional, avultam situações de trabalhadores sem contrato, sem horário, sem compensação por trabalho ao fim-de-semana, dia feriado ou descanso compensatório, com remunerações em atraso, a sobreviverem no limite e em condições degradantes, e uma prática reiterada que procura colocar trabalhadores emigrantes e nacionais em lados opostos da barricada, detalha o sindicato, que garante que, mesmo perante a desigualdade de forças, «não vai desistir dos trabalhadores».
Já em Braga, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP) do Minho anunciou que chegou a semana passada a acordo com a Associação Comercial de Braga. Em causa estão aumentos salariais de 2 por cento, alterações no subsídio de alimentação e diferenciação dos motoristas de transportes e de categorias ligada às Ciências da Computação, informa o sindicato.
O CESP adverte, no entanto, que após dez anos sem revisão do acordo colectivo, as negociações vão ter de prosseguir em torno de diversas matérias, desde logo a melhoria das condições de trabalho.