O globo da gratidão

Margarida Botelho

A SIC apresentou recentemente os nomeados para o seu programa «Globos de Ouro», que vai para o ar no domingo anterior ao dia das eleições legislativas.

Na categoria de personalidade do ano do jornalismo, surge nomeada Ana Leal, da TVI. Tendo em conta que tinha sido alvo de uma deliberação altamente condenatória por parte da ERC poucos dias antes, a propósito da campanha que moveu contra o PCP, poder-se-ia pensar que seria erro de casting, distracção do júri ou mesmo só ignorância.

É verdade que a generalidade dos órgãos de comunicação social omitiu olimpicamente a condenação da ERC à TVI, numa atitude exemplar de que, quando toca ao PCP, nem a concorrência entre órgãos de comunicação social serve para repor a verdade.

Vale a pena ler de novo o que a ERC deliberou: houve «incumprimento cabal» por parte da TVI «dos deveres de precisão, clareza, completude, neutralidade e distanciamento no tratamento desta matéria, o que originou a construção de uma reportagem marcadamente sensacionalista, sendo factores que fragilizam o rigor informativo por contribuírem para uma apreensão desajustada dos acontecimentos por parte dos telespectadores». É «notório o enviesamento e a falta de isenção da TVI», o «desequilíbrio» e a «descontextualização», bem como a «emissão de conclusões sem identificação de fontes de informação».

Posto isto, seria expectável que a TVI e a jornalista não merecessem dos seus pares nada que não fosse a condenação de tais práticas. Mas não: como o capital reconhece os seus, cá está a SIC para limpar e promover. Ana Leal teve até direito a um dos famosos telefonemas de Cristina Ferreira em directo do seu programa, com elogios «à grande e brilhante investigação» que supostamente pratica. Ora digam lá se devemos acreditar em coincidências?




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