Contra «bolsa» na PSA Mangualde greves com grande adesão
UNIDADE Os trabalhadores da fábrica do Grupo PSA em Mangualde mostraram, nos primeiros dois sábados de greve, que não aceitam a desregulação e a negação de direitos por via da «bolsa de horas».
A PSA pretende impor aos trabalhadores jornadas de 10 horas
Sábado, 20 de Julho, «foi mais um dia de grande adesão» à greve no centro de produção da multinacional PSA (Peugeot Citroën Automóveis Portugal, que produz modelos das marcas Peugeot, Citroën e, a iniciar, Opel), na Quinta do Bacelo, em Mangualde, como referiu o SITE Centro-Norte.
Numa nota de segunda-feira, o sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN salienta que, tal como no dia 13, a luta foi feita contra pressões e ilegalidades patronais, pois «a empresa utilizou todos os mecanismos para tentar desmobilizar a greve e minimizar os seus efeitos».
Os trabalhadores, concentrados à porta das instalações, às 7 horas da manhã de dia 20, «decidiram de forma unânime manter a luta e o pré-aviso de greve, até que a PSA altere o seu posicionamento, de modo a assegurar respeito pela conciliação da sua vida profissional com a familiar, pessoal e social».
A empresa «deve acabar com as constantes mudanças dos mapas laborais e com as pressões, e garantir a jornada de 8 horas de trabalho e o direito a dois dias de descanso consecutivos (sábado e domingo)», exige ainda o sindicato.
O SITE C-N lamentou que a direcção da unidade industrial «continue a cometer ilegalidades para contornar os efeitos da greve», concretizando: «prolonga o turno da noite, chegando a haver trabalhadores que laboram 16 horas seguidas; contrata trabalhadores através de empresas de aluguer de mão-de-obra; utiliza trabalhadores que estão em formação através do IEFP». Destas situações, o sindicato já deu conhecimento à ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho), da qual é exigida «uma intervenção enérgica e em tempo oportuno».
A greve à «bolsa de horas» e ao trabalho extraordinário começou no dia 13 e está convocada até final do ano.
O sindicato, ao formalizar a marcação da greve, acusou a direcção da empresa de «continuar a impor calendários de “bolsa de horas” sem ter em conta os alertas feitos pelos trabalhadores, nomeadamente ao nível do desgaste físico e psicológico». «Também continua a exercer pressão e repressão, inclusive disciplinar», para «forçar» os trabalhadores a realizar trabalho para a «bolsa de horas», aos sábados, domingos, em dias feriados e em dias normais de trabalho (por prolongamento ou acréscimo).
A situação agravou-se, como se referiu na nota publicada no sítio da Fiequimetal, com a marcação de horas de produção para os dias dos meses de verão, ao abrigo da «bolsa de horas», sobrecarregando os trabalhadores com jornadas laborais de 10 horas.
Mahle e Amtrol-Alfa
Com «forte adesão à greve», dia 10, os trabalhadores da multinacional alemã Mahle, em Murtede (Cantanhede) «mostraram que estão determinados na luta para conseguir que a empresa remunere devidamente o trabalho por turnos».
O SITE C-N referiu que, no dia da primeira greve nos 25 anos de história da empresa, um grupo deslocou-se à manifestação nacional a Lisboa, enquanto a maior parte do pessoal permaneceu concentrada no exterior da fábrica.
A Mahle labora em regime de turnos rotativos mensais, mas paga um «subsídio de trabalho nocturno», que representa acréscimos de 4% no turno da manhã, 10% no turno da tarde e 28% no turno da noite. É reivindicado, há cerca de três anos, o pagamento do subsídio de turno, no valor de 25% da remuneração-base, como previsto no contrato colectivo de trabalho.
Os trabalhadores da Amtrol-Alfa, em Guimarães (Brito), fizeram greve no dia 12, reforçando a luta pelo seu caderno reivindicativo, com destaque para a exigência de aumentos salariais. Organizados no SITE Norte, os trabalhadores em luta concentraram-se de tarde no exterior da metalomecânica, a maior da região, pertencente a uma multinacional dos EUA.