A passagem dos 25 anos sobre a «repressão de manifestantes na Ponte 25 de Abril ordenada pelo Governo autoritário do PSD e de solidariedade com as suas vítimas» foi assinalada no Parlamento com um voto de condenação que teve a aprovação do PCP, PEV, PS, BE e PAN e os votos contra de PSD e CDS.

No texto, da autoria do PCP, salienta-se que nos dias de hoje faz «particular sentido relembrar a brutal repressão» que nesse dia 24 de Junho de 1994 foi ordenada pelo governo PSD sobre manifestantes, com isso tentando calar o que «tinha tentado, sem sucesso, durante uma semana: calar a contestação popular e impedir milhares de cidadãos de exercerem os seus direitos cívicos».

Recordado é o facto de o governo, então sob a liderança de Cavaco Silva, vir a impor há nove anos uma «política de retrocesso social, liquidando direitos sociais, tentando silenciar a crescente contestação popular e social e reprimindo a luta dos trabalhadores e das populações, por vezes, de forma violenta, como aconteceu na Ponte 25 de Abril».

Repressão que no caso do chamado «buzinão» da Ponte 25 de Abril resultou em dezenas de detenções e feridos, entre os quais um jovem que viria a ficar paraplégico após ser atingido por uma bala e que «ainda aguarda desfecho do calvário judicial que foi obrigado a percorrer pela recusa do governo PSD em assumir responsabilidades pelo ocorrido», recorda-se no voto.

Depois de frisar que apesar da brutal repressão o governo foi obrigado a recuar na decisão que havia tomado, o texto lembra que tais protestos, somados a «muitas outras acções de luta» que «isolaram política e socialmente o governo PSD», conduziram à derrota deste e «puseram fim ao que ficou negativamente designado como período do cavaquismo».