PCP que classificação de obra de José Afonso
O grupo parlamentar do PCP entregou uma recomendação ao Governo para que seja classificada como de interesse nacional a obra de José Afonso, também conhecido por Zeca Afonso. Os comunistas solicitam ainda que sejam desenvolvidas as «diligências necessárias» para que seja recuperada toda a obra do músico e compositor, «tendo em vista a sua reedição e divulgação».
Esta iniciativa do PCP dá seguimento à petição lançada recentemente pela Associação José Afonso, que visa a declaração de «interesse nacional» da obra de José Afonso para, assim, tornar o acesso ao seu trabalho não só mais fácil, mas possível, pois a sua obra discográfica encontra-se esgotada e sem editora que assuma a sua reedição. Segundo a associação, a editora que detém os direitos comerciais da obra de José Afonso, a Movieplay, encontra-se insolvente e as gravações originais encontram-se em paradeiro incerto.
Para o PCP, a medida justifica-se pelo facto de José Afonso ser «uma figura maior da cultura portuguesa». A sua «obra ímpar» conta, entre muitas outras composições, com temas como Os Vampiros, Venham Mais Cinco, O Que Faz Falta, Os Índios da Meia Praia, A Morte Saiu à Rua, Menino do Bairro Negro eGrândola, Vila Morena, sendo esta última uma das canções-senha escolhidas pelo Movimento das Forças Armadas para desencadear as operações militares na madrugada de 25 de Abril de 1974, que depuseram o governo fascista de Marcello Caetano.
Os primeiros fados de Coimbra foram gravados pela Alvorada e editados em 1953, não existindo hoje quaisquer exemplares disponíveis. O primeiro disco, Fados de Coimbra, foi lançado três anos depois. O último álbum de originais, Galinhas do Mato, saiu em 1985. Pelo meio fica uma obra ímpar, recheada de belíssimas canções, em estilos multifacetados.