Do FMI para o BCE
O preenchimento dos altos cargos na UE mostrou várias coisas. Uma delas é que o grande capital está com falta de quadros. Christine Lagarde foi nomeada presidente do BCE, vinda do FMI. Terá ocorrido a alguns o seu antecessor naquela instituição, Dominique Strauss-Kahn. Ambos andam por cargos da maior responsabilidade nas instituições do capital monopolista e ambos tiveram uns problemas com a justiça.
O juntá-los nestas linhas tem mais a ver com o que aí pode vir. DS-K foi director do FMI no auge da crise que eclodiu em 2008. Apadrinhou a política de injectar liquidez nos bancos e de aplicar «austeridade» aos povos. Agora reconhece que se trata de «uma política basicamente delineada para resgatar o sistema financeiro, e que serve portanto as pessoas mais ricas do planeta». E que o capitalismo continua incapaz de lidar com a próxima crise. (https://www.thelocal.fr/20180909/world-unprepared-for-next-financial-crisis-ex-imf-chief-strauss-kahn).
O grande capital não andará longe dessa opinião, e será essa a razão da nomeação de CL – convicta defensora dos mesmos meios – para o BCE. Falando da Grécia, mas também de Portugal, diz CL: «a consequência de pertencer a uma união monetária é perder um instrumento contra a recessão. Não pode recorrer-se à desvalorização, como podem fazer os países fora dessa união. […] Portanto tens que recuperar a produtividade de duas formas: tratas dos custos unitários do trabalho […] e melhoras o conjunto da economia reestruturando-a […]». (https://highline.huffingtonpost.com/articles/en/lagarde-interview/). Falando claro: dentro do euro, a saída só pode ser aumentar a exploração e privatizar.
Há portanto isto a registar: o capitalismo sabe que é inevitável nova crise, e coloca os seus peões nos lugares apropriados.