Poucochinho

João Frazão

Hoje volto a temas que já aqui tratei. A ofensiva contra os trabalhadores da Administração Pública e o aumento geral de salários e do SMN para 850€.

No seu jeito de fazer coro com o que lhe pareça estar na moda, veio o BE contribuir para o peditório do contraste entre um sector privilegiado, com regalias inaceitáveis, e o outro, que nada tem, dizendo que é preciso acabar com a existência de dois salários mínimos, um para o privado e outro para o público, tese para a qual Marques Mendes ainda na semana passada procurou mobilizar adeptos.

Este discurso é bem revelador da sua atitude.

O BE sabe bem que nos sectores privados (porque cada sector é um sector) os salários acordados na contratação colectiva são diferenciados, havendo alguns onde o salário mais baixo é, e ainda bem, bastante superior ao valor do Salário Mínimo Nacional, e que há muitas diferenças nos direitos consagrados nessa contratação colectiva.

O BE sabe que isso se resolveria se tivesse sido aprovada a proposta do PCP de 650€.

Mas também porque, falando do SMN assobiaram, uma vez mais, para o lado sem se comprometerem com a reivindicação da CGTP-IN da sua fixação em 850€, revelando desprezo pela opinião dos representantes dos trabalhadores.

Por este andar ainda os vamos ouvir dizer, como em 2016 relativamente à proposta de 650€, que falar de 850€ é demagogia.

Demagogia é fazer vista grossa ao miserabilismo dos salários na Administração Pública, a maior parte dos quais está congelado há quase uma década. Demagogia é alinhar com a campanha que está em curso de diabolização daqueles trabalhadores, que procura fomentar a inveja, colocando todos os outros contra eles e contra os direitos conquistados pela luta.

A breve afirmação de que é necessário «puxar para cima» é poucochinho para que não se confundam com os agentes dessa campanha.




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