Na grande distribuição comercial Junho é mês de luta
DETERMINAÇÃO Salários melhores, horários dignos, trabalho estável, fim das práticas de repressão e intimidação são objectivos da série de acções de luta iniciadas dia 1 nas lojas Pingo Doce de Braga.
As reivindicações são justas e devem ser negociadas pelas empresas
Durante o mês de Junho, os trabalhadores dos super e hipermercados e das lojas especializadas vão levar a cabo greves, plenários e concentrações, prosseguindo a luta para que a associação patronal APED e os grandes grupos que dominam o sector aceitem negociar as reivindicações apresentadas aos diversos níveis (sectorial, de empresa e de local de trabalho).
Esta série de iniciativas é organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), que persistem em recusar a chantagem patronal. Para negociarem aumentos salariais, os patrões pretendem que o sindicato e os trabalhadores aceitem os «bancos» de horas, mas isso significaria deixar de ter vida própria.
Ora, como explica o sindicato na nota de imprensa em que, na segunda-feira, dia 3, divulgou a lista das acções já agendadas, um dos principais motivos do descontentamento e da luta tem a ver, precisamente, com os horários de trabalho, que devem permitir aos trabalhadores terem vida pessoal e familiar, o que é extremamente dificultado com a generalizada desregulação, agravada por alterações constantes comunicadas pelas chefias com muito pouco antecedência, sem respeito pelas normas em vigor.
Os trabalhadores lutam pelo aumento dos salários e por salários iguais em todo o País (o que significa o fim da Tabela B, com valores mais baixos para todos os distritos, excepto Lisboa, Porto e Setúbal). Exigem também trabalho estável e o fim da precariedade, a dignificação da carreira profissional dos operadores de armazém. Renovam ainda a reivindicação de encerramento do comércio aos domingos e feriados.
No dia 1, os trabalhadores do Pingo Doce no distrito de Braga fizeram greve «com grande adesão». Por ser Dia Mundial da Criança, foram evidenciadas as dificuldades que as práticas patronais colocam à conciliação do trabalho com a vida pessoal e familiar.
O sindicato realçou a organização de piquetes de greve em Vila Verde e no Centro Comercial Braga Parque. Em ambos os locais, houve concentrações de protesto junto às lojas e desfiles nas ruas próximas, para alargar a visibilidade da luta.
No mesmo dia, junto do Pingo Doce da Bela Vista, em Lisboa, o CESP realizou uma acção para denunciar as situações de repressão que ali ocorrem e exigir a satisfação das reivindicações dos trabalhadores.
O sindicato informou que para dia 18 está convocada uma greve de 24 horas no Minipreço (Grupo DIA). Nos dias 17 e 23 vão realizar-se acções junto a estabelecimentos dos grupos Auchan (Jumbo e Pão de Açúcar) e Sonae (Continente). Foram marcados plenários para a Ikea (dia 4, em Alfragide, Braga e Loures), os entrepostos do Lidl no Linhó, em Torres Novas, na Marateca e no Ribeirão (dias 7, 8, 11 e 14) e várias lojas da C&A (dia 14). Em seis lojas Intermarché vão ser realizados, no dia 14, contactos com trabalhadores.