Despedimento no Novo Banco
Com a «externalização» do serviço de atendimento telefónico de clientes, o Grupo Novo Banco está a fazer mais um despedimento colectivo de forma encapotada e permitida pela actual lei laboral, acusou na semana passada o Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Financeira (Sintaf/CGTP-IN).
Ainda desde o tempo do Grupo Espírito Santo, o serviço foi atribuído a uma empresa criada para esse efeito. Já com o Novo Banco, os Serviços de Suporte Operacional (GNB-SSO) são um ACE (agrupamento complementar de empresas) que serve todo o grupo. Têm cerca de 200 trabalhadores que, exercendo funções de bancários, não beneficiam da aplicação do contrato colectivo de trabalho do sector, são contratados com vínculos precários e auferem salários bastante baixos.
Numa «reestruturação», alega o banco, está a deixar as áreas que não fazem parte do núcleo da actividade bancária. Assim justifica a decisão de entregar o atendimento telefónico à Randstad, multinacional de trabalho temporário.
Para o Sintaf, como se afirma na nota de imprensa divulgada dia 20, tal decisão compromete o sigilo bancário e significa, afinal, que a administração não considera importante o atendimento dos clientes.
O sindicato questiona ainda a justificação patronal de pretender reduzir custos desta forma. Aos actuais trabalhadores da GNB-SSO estão a ser prometidas as mesmas condições remuneratórias, caso não contestem a transferência para a Randstad. Só haveria redução de custos se esta fosse «benemérita» para o Novo Banco, ironiza o Sintaf.
Este negócio «não protege os interesses do Novo Banco, dos trabalhadores e dos clientes, que vão ver os seus dados bancários disponibilizados a uma empresa não sujeita ao sigilo bancário, sem autorização». Notando que se trata de um banco intervencionado pelo Estado e que «recentemente recebeu mais de mil milhões de euros de todos os portugueses», o sindicato pergunta onde estão a supervisão bancária e o Ministério das Finanças.
Quanto aos trabalhadores da GNB-SSO, o Sintaf reafirma que devem ser integrados no Novo Banco, pois prestam serviços essenciais à sua actividade.