Juventude por estabilidade decidida a prosseguir a luta

FUTURO Na tarde de 28 de Março, jovens trabalhadores dos diversos distritos e sectores exigiram em Lisboa o fim da precariedade, melhores salários e emprego seguro, estável e com direitos.

Homenageando os jovens de 1947 afirma-se empenho nos combates de hoje

A manifestação que na passada quinta-feira partiu do Rossio, para subir a Rua do Carmo, rumo à Assembleia da República, foi promovida pela CGTP-IN e a Interjovem, sua organização autónoma, para assinalar o Dia Nacional da Juventude. Na resolução aprovada no final, frente à escadaria do Palácio de São Bento, recorda-se os jovens que, em 1947, foram alvo da repressão fascista, num acampamento do MUD Juvenil, no Algarve (Bela Mandil, Olhão).
Mas, além de «homenagear os que derrotaram a ditadura fascista», neste dia reafirmou-se que «a vida demonstra que vale a pena lutar».
Para a manifestação foram transportadas lutas em curso, envolvendo milhares de jovens, em sectores como o comércio, escritórios e serviços (Sonae, Pingo Doce, Minipreço, grupos de saúde privados), os transportes e comunicações (ferroviários, correios, telecomunicações, incluindo call-centers), a hotelaria e alimentação (identificando empresas como a Apapol, a Sohi Meat e as Carnes Nobre), a saúde, a educação, os seguros (destacando-se o call center da Fidelidade, em Évora), as autarquias locais e a Função Pública, as indústrias da metalurgia e eléctricas (casos da Cabelte, a energia (como a Petrogal, em greve desde Janeiro), têxteis, construção e vidro…
À cabeça, numa grande faixa vermelha exigia-se estabilidade. Uns metros atrás e a um nível mais elevado, contra a desregulação dos horários afirmava-se que «os trabalhadores não são máquinas». As palavras de ordem gritadas ao longo do caminho completavam a mensagem das faixas e cartazes, insistindo que «Precariedade em Portugal é vergonha nacional» e «O aumento do salário é justo e necessário».
A comprovada capacidade e disponibilidade dos jovens para a luta persistente pelos seus direitos e interesses, tal como os resultados alcançados, foram ideias centrais nas intervenções de Nídia Sousa, dirigente da Interjovem, e de Arménio Carlos. O Secretário-geral da CGTP-IN comparou mesmo a batalha actual pela erradicação da precariedade com o combate que foi dado há algumas décadas ao trabalho infantil, afirmando a confiança em que também será possível vencer a luta contra os vínculos precários.
Dando seguimento às acusações feitas nas intervenções sindicais e noutra grande faixa que clamava «O acordo laboral é bom para o capital», na resolução ficou expresso que «dia 11 de Abril voltaremos a ocupar este largo, exigindo o chumbo da proposta de lei que PS, PSD, CDS-PP, UGT e patrões querem fazer passar na Assembleia da República, que agrava e legitima a precariedade e desregula ainda mais as relações de trabalho».

PCP reafirma «princípio claro»

«É clara uma reivindicação de fundo da juventude trabalhadora: o combate à precariedade», destacou Jerónimo de Sousa, em declarações prestadas no Largo António de Sousa Macedo, onde uma delegação do PCP saudou a passagem da manifestação. Condenando a precariedade que persiste na Administração Pública e no sector privado, o Secretário-geral do Partido observou que os vínculos precários no trabalho acabam por se reflectir «na vida, na família, na perspectiva do sonho da construção da própria felicidade individual».
A tal «chaga social», «os jovens procuram dar combate desta forma, nesta magnífica manifestação», mostrando terem «a consciência de que, com este Governo, este problema não encontrou a resposta necessária».
Na proposta que está na Assembleia da República, o Governo «propõe pagar uma taxa caso haja “precariedade a mais”», mas «isto é legalizar a própria precariedade». O PCP, sublinhou Jerónimo de Sousa, defende «este princípio que aqui está tão claro: tendo em conta que estão num posto de trabalho permanente, [os trabalhadores] devem ter direito a um contrato efectivo».
Com o Secretário-geral do PCP estiveram João Frazão, membro da Comissão Política do Comité Central, Sandra Pereira, segunda candidata na lista da CDU às eleições para o Parlamento Europeu, e Alma Rivera (do CC do PCP e candidata ao Parlamento Europeu) e Rita Rato (deputada), ambas dirigentes da JCP.

 



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