O que espera?!...

Henrique

A Caixa Geral de Depósitos, cuja origem remonta ao reinado de D. Luís, em 1876, foi durante o fascismo um banco ao serviço do Estado e, após a Revolução de Abril, continuou banco público com o Estado como único accionista e na missão de incentivar e dinamizar a economia do País, nomeadamente com créditos às pequenas e médias empresas, responsáveis por cerca de 90% da actividade económica em Portugal.

Isto resumidamente. Com a privatização da banca e a reformulação da actividade bancária – em parte assente nos grupos económicos que haviam florescido no fascismo -, a CGD foi sempre uma referência segura para os portugueses, sobretudo a partir do descalabro da banca privada vindo a público na última década.

A CGD foi usada por sucessivos Executivos como uma espécie de «banco ao serviço da governação» e nela – vai-se sabendo agora, em investigação judicial – foram colocados amigos e apaniguados em lugares de direcção que, por seu lado, fizeram «negócios» a seu bel-prazer na opacidade do mundo bancário, praticando (alegadamente) um florilégio de tranquibérnias onde parece haver de tudo – empréstimos ruinosos de dezenas e centenas de milhões de euros sem garantia de retorno ou até contrariando a opinião negativa a esses empréstimos dada pela comissão de risco do banco, empréstimos a bancos para investirem noutros bancos, estando todos em risco de falência, fugas ou obliterações de capitais em paraísos fiscais e etc, etc, etc.

A responsabilidade política deste desconchavo não tem buraco onde se esconder, está escarrapachada nos Governos do PS, do PSD e do CDS, este último sempre a servir de penduricalho útil à prossecução da política de direita.

É verdade que o actual Governo do PS de António Costa pode afirmar ter sido o único a decidir um inquérito ao funcionamento da Caixa, esgrimindo o argumento em picardias parlamentares com o PSD e o CDS, mas não é menos verdade que entregou a nova direcção do banco público a Paulo Macedo, que tem no currículo, além da construção de uma máquina fiscal inquisitória e coerciva («moderna», como dizem os próceres do poder no País), ter servido no Governo de Passos Coelho como metódico destruidor do SNS, a partir do cargo de ministro da Saúde.

O que os factos demonstram é que a nova administração da CGD, liderada por Paulo Macedo, está a gerir o banco público com a lógica de um privado, como se vê pelos três aumentos sucessivos das taxas sobre os clientes em apenas um ano, a par de encerramentos de balcões, numa lógica de lucro fácil e de flagrante indiferença pelos interesses dos depositantes, como sucede na generalidade banca privada, enquanto a função de dinamizar a economia é olimpicamente marginalizada.

Que espera o Governo de António Costa para pôr ordem na casa?




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