Actualidade do 18 de Janeiro destacada nos 85 anos
VIDREIROS Na manifestação que foi o ponto alto das comemorações do 85.º aniversário da revolta operária na Marinha Grande, a homenagem aos heróis de 1934 deu força às lutas de hoje.
Continua a ser necessária a combatividade que deu e dá frutos
Com iniciativas sindicais, culturais, desportivas e de convívio, as comemorações, organizadas pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira (STIV), começaram no dia 17 e prosseguem este fim-de-semana. A peça «A soprar se vai ao longe» volta ao Sport Operário no dia 31 de Janeiro. A «Corrida do Vidreiro» decorre na tarde de 2 de Fevereiro. No Museu do Vidro permanece até 24 de Fevereiro a exposição «Quando amanhecerá, camaradas?».
No dia 18, sexta-feira, de manhã, dirigentes sindicais, familiares de participantes na revolta e outros amigos e camaradas foram em romagem aos cemitérios de Casal Galego e da Marinha Grande, para deposição de flores nas campas dos prisioneiros de 1934; neste último, realizou-se uma breve cerimónia de homenagem aos falecidos.
No exterior do cemitério, com faixas, cartazes e bandeiras, com o grupo de percussão Tocándar à cabeça, formou-se uma manifestação sob a consigna «Ontem e hoje, a luta pelos direitos». Passou pela Praça do Vidreiro, rumou à Avenida Infante Dom Henrique e regressou pela Rua Prof. Virgílio de Morais até junto do monumento aos heróis de 18 de Janeiro, onde foram depositadas coroas de flores. Antes deste acto simbólico, a coordenadora do STIV deu conta de que prossegue o levantamento de nomes de participantes no movimento de 1934; Etelvina Rosa notou que não é possível ficar apenas pela homenagem, porque continuam a existir hoje gritantes desigualdades sociais.
Fátima Messias, da Comissão Executiva da CGTP-IN e coordenadora da federação sindical do sector (Feviccom), realçou que os vidreiros não foram pioneiros só no momento da revolta contra o fascismo, mas também na conquista da semana de 35 horas, desde 2002, e na consagração do 18 de Janeiro como feriado em todo o sector (com implicações no pagamento do trabalho neste dia com o correspondente acréscimo).
Arménio Carlos, Secretário-geral da CGTP-IN, destacou que também hoje se está a fazer história e a passar a mensagem de que a liberdade foi conquistada pela luta de homens, como os operários vidreiros de 1934. Ao falar da situação actual, focou a crítica na legislação do trabalho, reafirmando a exigência de alteração das normas gravosas introduzidas por maiorias anteriores e criticando o acordo celebrado na Concertação Social, que a CGTP-IN não subscreveu e que não se pode sobrepor a uma decisão final da Assembleia da República.
João Ferreira, primeiro candidato na lista da CDU às eleições para o Parlamento Europeu, acompanhado por Ângelo Alves, da Comissão Política do Comité Central do PCP, e por dirigentes do Partido no concelho, associou-se às celebrações.
Com a luta, abrir caminho
Assinalar os 85 anos do 18 de Janeiro é lembrar uma página heróica da história de resistência e de luta do povo português. Num momento em que, na Europa e no mundo, o fascismo ganha de novo espaço, em que forças reaccionárias e de extrema-direita vão avançando, lembrar o 18 de Janeiro é lembrar que o fascismo existiu, é lembrar as suas consequências e lembrar a importância e a actualidade da luta pela liberdade e pela democracia.
Lembrar o 18 de Janeiro, no ano em que assinalamos os 45 anos do 25 de Abril, é lembrar que a Revolução de Abril se fez de muitas lutas e de muitas batalhas, travadas de forma persistente ao longo de muitos anos. Mas lembrar o 18 de Janeiro é sobretudo transportar para o momento presente o exemplo de coragem, de audácia e de determinação dos operários vidreiros da Marinha Grande.
Lembrar o 18 de Janeiro é lembrar também que o tempo que vivemos é um tempo em que é preciso avançar, e não andar para trás. Avançar, desde logo, na valorização do trabalho e dos trabalhadores, na garantia de melhores salários e mais direitos, no combate à precariedade, na luta pelo emprego e pelo emprego com direitos, como um elemento fundamental de uma política alternativa.
É o reforço da luta dos trabalhadores e do povo, o reforço do seu partido, o PCP, e o reforço da CDU já nas próximas eleições, que pode abrir caminho à concretização desta necessidade de avançar e não andar para trás, pode abrir caminho a uma alternativa patriótica e de esquerda, que responda aos problemas do País, aos problemas que enfrentam ainda os trabalhadores e o povo, que faça melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo, que faça avançar o País.
Declarações de João Ferreira