O menino e a água do banho
Portugal tem das mais baixas taxas de mortalidade infantil do mundo. Um facto que é indissociável da Revolução de Abril e da criação do Serviço Nacional de Saúde.
Sabemos o ataque que as conquistas de Abril têm sofrido, sem excepção. Mesmo numa correlação de forças desfavorável, a verdade é que há indicadores de saúde que continuaram a evoluir. Essa é uma vitória da luta, dos trabalhadores em geral e do SNS em particular, dos utentes, dos profissionais de saúde que empenham o melhor dos seus conhecimentos e das suas carreiras à evolução do nosso SNS.
É o caso da saúde infantil. Portugal é exemplo para o mundo em muitas áreas, do Plano Nacional de Vacinação ao boletim de saúde infantil, dos rastreios aos cuidados às grávidas e aos recém-nascidos. O que se exige é que nada do que está bem feito ande para trás e que avance tudo o que é possível nos cuidados às nossas crianças. É nessa batalha que o PCP está: a defender uma nova lei de bases da saúde, a valorização das carreiras dos profissionais, a garantia de médico e enfermeiro de família a todas as crianças, a diversificação de especialidades médicas nos cuidados de saúde primários – pediatras, dentistas, psicólogos, nutricionistas, etc -, o alargamento do Plano Nacional de Vacinação.
A forma apressada e demagógica como alguns encartados inimigos do SNS vieram pô-lo em causa a propósito dos dados provisórios da mortalidade infantil no ano passado, é chocante. Porque só com um SNS forte podemos continuar a progredir nos indicadores de saúde. A morte de crianças não pode ser usada como arma de arremesso contra o melhor instrumento que temos para defender que cresçam saudáveis e felizes. Estudem-se os casos, tirem-se conclusões, tomem-se medidas. Mas não se deite fora o menino com a água do banho.