O descaro
A mentira é algo de inato à política burguesa por uma razão muito simples: ela trata de convencer a maioria a adoptar comportamentos contrários aos seus próprios interesses e em favor de uma minoria exploradora. Não se convencem as massas a serem cúmplices (nem que seja por passividade) com uma privatização sem milhares de mentiras. A mentira é uma condição necessária à prática política de PS, PSD e CDS.
A prática sistemática da mentira acaba por ficar exposta até perante o mais distraído dos eleitores. E então, a burguesia adopta o truque de apontar a ventoinha à porcaria que faz, tentando fazer nascer teses como «todos os políticos mentem» ou «os políticos são todos iguais».
Alguns são particularmente desavergonhados. Sabem que contam com uma comunicação social domesticada e, sentindo-se impunes, tornam-se até descarados.
No lançamento do Concurso para a Linha Circular do Metropolitano, o ministro do Ambiente atreveu-se a dizer o seguinte: «… uma linha que consta dos diversos planos de expansão do metro há anos e que é incluída em todas as propostas partidárias...» Disse-o mentindo com todos os dentes, como facilmente se demonstra. O programa eleitoral da CDU em 2017 para a Cidade de Lisboa está na net, e nele pode ler-se: «Intervir junto do Governo para acelerar a expansão da rede do Metropolitano, travando o actual projecto de linha circular e com esse investimento apostar na extensão de S. Sebastião a Campolide/ Amoreiras/ Campo de Ourique/ Alcântara e prolongamento da linha verde de Telheiras, sem esquecer a extensão da rede a Loures.»
Essa frase do programa ajuda aliás a demonstrar a seriedade da CDU. Fala da expansão a Loures no Programa para a Cidade de Lisboa. Já o PS, apenas em Loures prometeu essa expansão, que o seu Governo acaba de afastar até dos cenários para 2030 (ver PNI2030). Sem esquecer o BE, que em Loures critica severa e justamente a Linha Circular... que só existe porque o seu vereador a votou em Lisboa.