Inatel, Via Porto, ETAF e Fidelidade com acordos alcançados pela luta

NEGOCIAÇÃO Aumentos salariais, direitos reconhecidos, regulação de condições de trabalho e fim de discriminações são resultados positivos da resistência e da luta dos trabalhadores e seus sindicatos.

A Inatel tem usado o seu estatuto para impor salários baixos

«Uma luta de décadas chega ao fim com acordo», congratulou-se a Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo (Fesaht/CGTP-IN), no comunicado em que anunciou, dia 19, a assinatura do primeiro Acordo de Empresa da Fundação Inatel, abrangendo mais de 900 trabalhadores.
A fundação (criada em 2008, retirando da área da Administração Pública o Instituto Nacional para o Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores, que em 1975 substituiu a FNAT, ao fim de 40 anos) «sempre recusou negociar um AE e sempre recusou aplicar a contratação colectiva do sector do turismo, mesmo depois de ter transformado centros de férias em hotéis de quatro estrelas e apesar de haver decisões dos tribunais no sentido de obrigar a Inatel a aplicar o CCT da Hotelaria».
Recorda ainda a Fesaht que a Inatel «sempre se refugiou no seu estatuto para impor baixos salários e fracas condições de trabalho aos trabalhadores e até o regulamento de pessoal interno deixou de aplicar», limitando-se a cumprir o Código do Trabalho.
A Fesaht salienta que «para a concretização deste acordo, que prevê uma série de benefícios para os trabalhadores, foi determinante a luta dos trabalhadores e a acção e empenho dos sindicatos» seus filiados.
Entre as conquistas alcançadas, a federação refere: aumento salarial de dois por cento em 2018, com efeitos retroactivos a Janeiro, a processar até ao final de 2018; dois dias de descanso consecutivos nas unidades hoteleiras (com um fim-de-semana a cada seis semanas; 24 dias de férias para todos os trabalhadores, com majoração de dois dias por assiduidade e acrescendo um, dois ou três dias, a partir dos 40, 50 e 60 anos de idade; regulação do pagamento do trabalho nocturno (entre as 20h00 e as 7h00) e do trabalho suplementar; criação de um subsídio de turno; garantia de 35 horas de trabalho semanais, 36 meses após a entrada em vigor do AE.
Em Janeiro serão iniciadas negociações salariais para 2019.

A Via Porto (empresa do Grupo Barraqueiro que opera o Metro do Porto) apresentou uma proposta ao Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, depois de este ter convocado greves para 25 de Dezembro e 1 de Janeiro. A negociação acabou por resultar num acordo e na suspensão das greves, informou no dia 21 a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN), que dos resultados obtidos destacou: um prémio de 200 euros, para compensar a falta de aumento salarial desde 1 de Abril de 2018; aumento de 2,75 por cento na tabela salarial, no primeiro dia de 2019, actualizando os valores em Janeiro de 2020 pela inflação; um subsídio diário de dois euros para laboração (mesmo parcial) entre as 23 e as 7 horas; um «subsídio de quilometragem»; e uma amplitude máxima diária de 9 horas, para os agentes de condução, incluindo o tempo de refeição.

Na Empresa de Transportes Álvaro Figueiredo (ETAF), a entrega de um pré-aviso de greve para 2 de Janeiro e a mobilização dos trabalhadores para a luta levaram a administração a recuar e encetar negociações com a Fectrans e o seu sindicato STRUP. No fundamental, como revelou a federação no dia 19, a empresa comprometeu-se a aplicar o conteúdo do novo contrato colectivo de trabalho do sector de transportes rodoviários de mercadorias, nomeadamente quanto ao valor mínimo da «diária» no serviço TIR, dias de descanso e feriados, trabalho nocturno.

A Fectrans salientou ainda que no novo AE da STCP, publicado a 15 de Dezembro, ficam garantidos os direitos inscritos no AE de 1984. Este «durante anos esteve na mira das sucessivas administrações, com vista à sua destruição». No entanto, acabou por ser alargada a sua aplicação, «com a resistência dos trabalhadores e da sua organização de classe, a Fectrans/STRUN)».
A greve foi suspensa, sublinhando a federação que «valeu a pena» marcá-la, «porque sem ela a posição da administração era de não respeitar aquilo a que estava obrigada».

O Sinapsa (Sindicato Nacional dos Profissionais de Seguros e Afins) celebrou no dia 21 com o Grupo Fidelidade um Acordo Colectivo de Trabalho que se aplica aos trabalhadores das empresas Fidelidade, Multicare, Fidelidade Assistência, Via Directa e Companhia Portuguesa de Resseguros, e que será divulgado em plenários durante o mês de Janeiro.
Para 2018, com efeitos retroactivos a Janeiro, os sócios do Sinapsa obtêm um aumento salarial de 1,25 por cento (a actualização salarial tinha ficado dependente da aceitação de um «acordo de empresa» que o sindicato recusou). Ficaram acordados aumentos salariais para três anos (2019 a 2021).

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Suspensa greve em Évora

O Sinapsa anunciou a suspensão da greve, convocada para 2 de Janeiro, no centro de atendimento da Fidelidade, em Évora, «face à possibilidade de estarem finalmente criadas as condições que permitam a discussão das reivindicações dos trabalhadores». Referindo que esta possibilidade surge «através de conversações mediadas...

Luta com frutos na Iberol

Os trabalhadores da Iberol, em Alhandra (Vila Franca de Xira), aprovaram no dia 27 de Dezembro a nova proposta de aumentos salariais, apresentada à comissão sindical do SITE CSRA em negociações iniciadas após um dia de greve total e com a perspectiva de uma semana de greves de duas horas por...

Greve na RTP Porto

A cantina e o bar da RTP Porto, em Vila Nova de Gaia, estiveram encerrados no dia 24 de Dezembro, devido à greve de todos os trabalhadores da Eurest, a concessionária do serviço de refeições, informou o Sindicato da Hotelaria do Norte.Apesar de já ter sido condenada em vários tribunais de...

Agravadas carências na Saúde

«A Maternidade Alfredo da Costa não terá, assim, nos dias 24 e 25 de Dezembro, uma equipa de anestesia disponível», alertou a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), ao denunciar que os serviços do Ministério da Saúde recusaram a proposta da direcção clínica para o mapa de vagas de 2.ª época do Centro Hospitalar...

Banco BPI alienou património

O Banco BPI «tem de explicar esta actividade fora do negócio bancário e fazer prova da seriedade destas atitudes», exigiu o Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Financeira. Num comunicado emitido ainda antes de o banco sair da Bolsa (14 de Dezembro) e de o CaixaBank anunciar, sob contestação dos pequenos...