Assembleia de Vila Real reafirma reforço do PCP como factor indispensável à verdadeira alternativa
PARTIDO Os comunistas vila-realenses realizaram no sábado, 8, a sua IX Assembleia de Organização Regional (AOR), na qual reiteraram que uma política alternativa que valorize a região não é possível sem um PCP mais forte.
Romper com a política de direita não é possível sem o PCP
Disso mesmo deu nota logo na intervenção de abertura dos trabalhos, que se prolongaram por mais de três horas, o membro do Comité Central e responsável pela OR de Vila Real, Filipe Costa. Responsabilizando PS, PSD e CDS pelo pior que se regista também naquela região – a que se juntam «ilusórias medidas avulsas, pinceladas por laivos de aparente modernidade, promovidas pelos mesmos protagonistas e responsáveis pela emigração forçada da região, pela desertificação económica, social e demográfica e pelo empobrecimento do regime democrático que agora aparecem sob a capa de independentes, ou associados a movimentos de suposta defesa do interior», sublinhou que valorizá-la «não é possível sem romper com décadas de política de direita».
Filipe Costa indicou, por isso, eixos fundamentais de uma alternativa possível e antagónica à política que tem sido imposta, de entre os quais se destacam a valorização do trabalho e dos trabalhadores, a defesa e promoção da produção nacional, a restituição dos serviços públicos retirados às populações, o reforço do papel e funções sociais do Estado e o respeito pela autonomia do poder local democrático – elementos do desenvolvimento de políticas de combate às assimetrias regionais, ao despovoamento e desertificação do território.
Contudo, «romper com a política de direita, construir a alternativa patriótica e de esquerda e valorizar a região não é possível sem o PCP, sem o seu reforço e alargamento da sua influência», disse igualmente aquele dirigente comunista, que aos delegados e convidados presentes na reunião magna dos comunistas do distrito de Vila Real, recordou, por outro lado, que «sendo o reforço do Partido o elemento mais determinante à concretização destes objectivos imediatos, é também o factor que depende essencialmente de nós».
Nas nossas mãos
Assim, insistiu que «depende de nós reforçar o Partido recrutando jovens, mulheres, trabalhadores, agricultores, pequenos empresários e todos quantos se identifiquem com a nossa acção e proposta; desenvolvendo o trabalho unitário; contactando com todos os membros do partido e estimulando a sua participação; planificando a nossa acção e intervenção; indo às empresas e locais de trabalho conhecer os trabalhadores e os seus problemas e reivindicações, às feiras e mercados conhecer as populações e os seus anseios, reunindo com o movimento associativo e cooperativo para conhecer o seu trabalho e dificuldades».
Em boa medida esta foi uma ideia-chave que percorreu as cerca de duas dúzias de intervenções havidas na AOR, ocorrida no Auditório do Arquivo Distrital de Vila Real. Sem elidirem insuficiências (sejam de conjuntura ou estruturais, próprias ou impostas pelo áspero contexto em que actuam os comunistas e os seus aliados), o colectivo partidário mostrou que não se resigna e, até, conserva legítimo orgulho por manter acesa a chama da resistência, da luta pelo progresso e pela emancipação sociais, quando tudo convoca à sua extinção. Disto, de resto, foi dada nota ao serem recordadas as acções e iniciativas mais relevantes levadas a cabo nos últimos quatro anos.
No concreto, a Assembleia votou favoravelmente a resolução política incorporando alterações introduzidas durante os trabalhos. No texto, além de uma significativa análise da situação nacional e local, indicam-se linhas de actuação e propostas: para o desenvolvimento da região, num total de 28; para a intervenção do PCP junto dos movimentos camponês, sindical unitário e outros; para a intervenção no plano institucional, e, não menos importante, para o fortalecimento do Partido nos vários domínios.
Registe-se, ainda, que os delegados aprovaram uma moção sobre o 25 de Abril e a nova composição da Direcção da OR de Vila Real. Dos 15 membros, quatro são novos, sendo um operário, um empregado dos serviços, um agricultor e outro micro, pequeno e médio empresário. Este último aspecto é significativo porquanto que apesar das dificuldades, os comunistas renovam o seu contingente de quadros atendendo às alianças sociais básicas na actual fase da luta de classes.
Interior reclama ruptura
Coube a Jerónimo de Sousa encerrar a reunião magna, e encontrando-se entre os que sabem, sentem e vêem o bem-estar popular e o desenvolvimento do Interior sacrificados aos interesses dos que aforram benefícios com a política de direita, não podia deixar de notar que também no distrito de Vila Real é evidente a urgência de romper com as políticas do passado. Entre estas estão «políticas orçamentais restritivas penalizadoras do Interior».
Na AOR de Vila Real, os comunistas que intervêm para lá do Marão adiantam propostas, cujas, prosseguiu o Secretário-geral do PCP, «são orientações» para os «combates que não podem ficar à espera e descansar nos resultados de programas que anunciam mundos e fundos».
«O País tem já uma longa história de caracterização e identificação dos problemas do Interior e do mundo rural», aos quais sucedem «propostas e programas anunciados com intenções nunca concretizadas e que se traduziram sempre em novos aprofundamentos das desigualdades sociais e territoriais», disse ainda Jerónimo de Sousa, que elencando grandes linhas capazes de inverter o declínio do Interior e promover o progresso equilibrado do País, dedicou mais algum tempo à necessária revitalização da agircultura.
Com efeito, tal como na Resolução Política da AOR de Vila Real se expressa, também o dirigente comunista se manifestou preocupado com o futuro daquela. «Por um lado porque a dependência nacional em matéria agro-alimentar continua a níveis alarmantes. Por outro lado, porque basta andar por estes campos para ver como poderíamos estar a produzir mais».
Nesse sentido, defendeu a aposta na pequena e na média agricultura nacional; «uma posição face à Reforma da PAC que seja a de impor a regulação dos mercados, uma mais justa distribuição das ajudas entre países, regiões, produções e produtores, e apoios ligados à produção»; a consideração dos «baldios como uma realidade singular» com a concretização dos planos para a sua utilização, e, com particular relevo no Noroeste transmontano, a recuperação da Casa do Douro enquanto Associação Pública «com os seus poderes históricos» e a sua devolução «à Vitivinicultura Duriense», enfatizou.