CNA alerta para «razias» na produção nacional
AGRICULTURA A Confederação Nacional da Agricultura acusa o ministro do Ambiente de ter assumido «razias» para a produção pecuária nacional a pretexto da redução das emissões de carbono.
Abandono de importante parte da produção nacional
No «Roteiro para a Neutralidade Carbónica em 2050 – RNC 2050», apresentado no dia 4, o Governo avança com um conjunto de ideias, números e medidas, alegadamente, para a redução, quase total até à data, das emissões de gases com efeito de estufa, com destaque para o dióxido de carbono.
Destaque para a diminuição, entre 25 e 50 por cento (até 2050), dos efectivos pecuários, nomeadamente na bovinicultura. Considerando «bastante arrogantes» muitas das percentagens definidas no RNC 2050, a CNA refere que a «pretensão» do Governo e da União Europeia corre o risco de ser um «voluntarismo percentual», que pode servir de pretexto para decisões oficiais, com «repercussões negativas no trabalho, nos rendimentos e na vida» de agricultores e produtores florestais.
A redução em 50 por cento da produção pecuária em bovinicultura, actualmente com mais de um milhão e 700 mil cabeças (incluindo os Açores), terá como significado «o abandono de importante parte da produção nacional no subsector carne bovina», com um «défice anual na ordem de 400 milhões de euros na respectiva balança agro-alimentar de pagamentos», adverte a Confederação, lembrando que também a redução dos efectivos do leite irá agravar «outros problemas estruturais», como o fim das «quotas» leiteiras e os baixos preços na produção.
«Reduzir muito a produção nacional agro-alimentar também significa promover o aumento das importações evitáveis» e «agravar a dependência alimentar da nossa população», o que pode «comprometer, cada vez mais, a soberania alimentar», acrescenta a CNA.
Assembleia Geral
No domingo, 9, a Assembleia Geral da CNA, reunida em Coimbra, aprovou por unanimidade o Plano de Actividades e o Orçamento da Confederação para 2019.
Abordada foi, igualmente, a situação da agricultura num quadro anual de adversidades, climáticas e outras, que condicionaram a produção agrícola e florestal, com consequências negativas no rendimento dos agricultores e da agricultura familiar.