Participação e luta para construir a alternativa

Gonçalo Oliveira (Membro da Comissão Política)

O comunicado da última reunião do Comité Central, na parte que se refere à situação política nacional, destaca a forma como os avanços na defesa, reposição e conquista de direitos têm coexistido com a persistência de graves problemas nacionais. Estes últimos, causados por décadas de política de direita, poderiam ter resposta caso Portugal rompesse com o caminho que até aqui nos conduziu e iniciasse uma política alternativa, patriótica e de esquerda.

Quem julgava que a luta dos trabalhadores ia amolecer enganou-se

Nenhum outro partido tem tomado em mãos este objectivo de criar uma alternativa política para o País como tem feito o PCP. Sabemos das nossas responsabilidades e da importância da nossa iniciativa no plano institucional, pelo que sempre, em todos os momentos e em todas as circunstâncias, temos lutado para resolver problemas que afectam os trabalhadores e o povo, com propostas concretas.

Mas também sabemos que este é um combate que não prescinde da participação daqueles que são os produtores da riqueza – os trabalhadores –, da luta de todos e de cada um, da sua acção reivindicativa e das suas organizações. A participação e luta das massas foram decisivas em todos os momentos de avanço social e civilizacional na nossa história e hoje não é diferente. A intervenção do PCP e a luta de classes são imprescindíveis para inverter o quadro actual, em que domínios essenciais do País são governados de acordo com as orientações da política de direita.

Nesta longa luta que travamos pela afirmação e concretização de uma outra política para Portugal, aprendemos que quando se ganha uma batalha e se conquista um novo direito, os trabalhadores têm que continuar a lutar, de passar logo para a próxima luta. Desde logo porque se não o fizerem esses direitos que foram conquistados acabam por ser perdidos. Mas também porque cada avanço, mesmo que limitado, é uma derrota para o capital e fonte de ânimo para a luta dos trabalhadores.

É neste contexto que a forte acção reivindicativa que se tem registado nas empresas e serviços assume grande importância e deve ser valorizada. Casos como o dos trabalhadores dos turnos de laboração contínua da Bosch Car Multimedia, em Braga, que terminaram na semana passada uma dura greve de quatro dias exigindo melhores condições de trabalho, comprovam que novos trabalhadores se têm juntado a esta luta por uma vida melhor.

Luta cresce e alarga-se

Os últimos três anos comprovam que aqueles que julgavam que a nova fase da vida política nacional ia «amolecer» a luta dos trabalhadores portugueses estavam redondamente enganados. E é para dar ainda mais força à acção reivindicativa que a CGTP-IN convocou uma Manifestação Nacional para o próximo dia 15 de Novembro, com concentração no Marquês de Pombal, em Lisboa, local onde irão convergir todos os protestos, todas as reivindicações, lado a lado com a exigência de uma política que valorize os trabalhadores.

Há dificuldades que se colocam àqueles que querem participar em lutas como esta. Cabe aos comunistas ajudar a ultrapassá-las, esclarecendo os trabalhadores e mobilizando-os durante os dias que se seguem. Aproveitemos este período de preparação da Manifestação Nacional que se realiza na próxima quinta-feira – e das lutas que se lhe seguirão – para reforçar a organização do PCP e garantir mais apoio ao seu projecto político.

Precisamos de um Partido mais forte e influente. Será esse o desenvolvimento, juntamente com a intensificação da luta dos trabalhadores, que materializará a solução de que o País necessita para responder aos problemas com que nos confrontamos e para defender as conquistas de Abril, rumo a uma democracia avançada, ao socialismo e comunismo.




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