Se não sabem o que é, como saberiam combatê-lo?

Filipe Diniz

Ainda o fascismo. Publicam-se abundantes opiniões sobre a matéria. Duas, recolhidas quase ao acaso na imprensa diária, vêm de assíduos colunistas da área da social-democracia, Rui Tavares e Carlos Zorrinho. Os dois enveredam pelo caminho da psicologia: há um mal-estar, irracional e assente em «emoções», que cria o ambiente favorável ao crescimento eleitoral da extrema-direita.

Rui Tavares, como seria de esperar, encontra a solução pela mão da sua habitual dama: «enquanto não se perceber que os Estados não controlam hoje todas as variáveis da globalização, vai haver gente a vociferar que a solução está no regresso ao passado do Estado-nação e não na criação de formas democráticas que estejam mais adaptadas à globalização.» O sucesso da extrema-direita resulta de opor a essa globalização um «tribalismo autoritário». Zorrinho acha que o problema está em a opção de voto assentar em «sentimentos» e não na «razão».

Para nenhum deles é relevante a palavra capitalismo, as suas crises e contradições internas, nem o facto histórico de todos os movimentos fascistas terem algures o capital monopolista nos bastidores. Se Zorrinho lesse o filósofo marxista Domenico Losurdo, poderia ter-se encontrado com a ideia de que «hoje a classe dominante não tem somente o monopólio de produção de ideias, tem também o monopólio da produção de emoções» (entrevista a Opera Mundi, 11.01.2015). É assim que gera estados de espírito favoráveis a cada nova agressão imperialista, a cada ataque contra direitos dos trabalhadores e dos povos, a cada golpe instaurando uma nova ditadura de extrema-direita.

A social-democracia é, também aqui, ideologicamente impotente perante um inimigo que julga denunciar.




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