PCP cresce e reforça-se nas empresas do distrito de Lisboa

ORGANIZAÇÃO Como o Avante! anunciou há duas semanas, a acção de reforço do Partido decidida pelo Comité Central está a dar frutos, particularmente ao nível da organização e intervenção junto dos trabalhadores.

A presença constante do Partido junto dos trabalhadores é decisiva

A criação de novas células é uma das expressões mais visíveis desses avanços. Cátia Lapeiro, Clarinda Nogueira e João Alves, dirigentes do PCP no distrito de Lisboa, partilharam com o Avante! três exemplos de novas células constituídas já este ano: dos assistentes aeroportuários, dos trabalhadores do El Corte Inglés e de pasteleiros de uma fábrica da panificadora Apapol, no concelho de Oeiras.

Nos três casos, pese embora as evidentes diferenças entre eles, foram o desenvolvimento da luta em defesa dos direitos e o papel que nela desempenha o PCP os factores decisivos para a criação das células. As medidas inscritas na Resolução de Janeiro do Comité Central deram centralidade à prioridade estratégica de reforçar a organização e intervenção partidárias nas empresas e locais de trabalho.

Reconhecimento e iniciativa

No caso da célula dos assistentes aeroportuários que prestam serviço no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, contratados à empresa de vigilância privada Prosegur, ela nasceu na sequência das lutas travadas por estes trabalhadores a partir de 2016, contra os horários ilegais e a repressão patronal. Face à solidariedade sempre manifestada pelos comunistas, um grupo de trabalhadores «veio ter com o Partido» em busca de apoio, relata Cátia Lapeiro, membro do Comité Central com tarefas no Sector dos Transportes da Organização Regional de Lisboa do PCP.

Desse primeiro contacto, lembra a dirigente comunista, resultou um conhecimento aprofundado da situação e expectativas desses trabalhadores e vasta «matéria-prima» para a intervenção partidária, quer no próprio local de trabalho quer na Assembleia da República: o projecto de resolução sobre «Organização do tempo de trabalho, garantia de condições de segurança e criação de carreira dos trabalhadores da segurança da aviação civil/APA» e a colocação de várias perguntas ao Governo resultaram da informação recolhida neste encontro.

A nível organizativo, os efeitos foram igualmente relevantes. Depois de estes trabalhadores se terem filiado no Partido, foi possível, através deles, elaborar uma lista de outros com quem conversar, no âmbito da acção de cinco mil contactos com trabalhadores. Daí resultaram mais alguns recrutamentos, o que possibilitou a criação da célula, que reúne com regularidade, tem tarefas distribuídas entre os seus membros e já editou um número do seu boletim. Há ainda contactos por concretizar e vários trabalhadores que não são membros do Partido participam nas reuniões, o que indica que a célula pode crescer ainda mais nos próximos tempos.

Constante fazer e refazer

Também no El Corte Inglés há desde Maio uma célula do PCP, algo que já não sucedia há vários anos. Como sublinha Clarinda Nogueira, do Organismo Intermédio de Empresas do Distrito de Lisboa, o sector do comércio e grande distribuição é muito instável, com grande rotatividade de trabalhadores. A anterior célula deixou de existir porque os seus elementos mudaram de emprego ou emigraram.

Quanto à actual, resulta da conjugação de dois factores, que identifica: o envolvimento sindical dos trabalhadores do sector (e da empresa) na luta pelos direitos e a presença frequente dos comunistas junto ao El Corte Inglés, em solidariedade com as lutas ou afirmando as propostas do PCP. Dos recrutamentos recentes, vários resultam da conjugação de ambos.

Um dos novos militantes, dirigente sindical, aderiu ao Partido na sequência de uma greve onde militantes do PCP se encontravam em apoio ao piquete. Após aderir, trouxe de imediato um colega e ajudou a identificar outros que, em sua opinião, também poderiam vir a ser militantes comunistas. Outros fizeram o mesmo e a célula cresceu, juntando-se-lhe os que tomaram a iniciativa de aderir, quer através do documento da campanha contra a precariedade quer manifestando esse interesse junto da sede nacional do Partido.

Passadas as primeiras reuniões da célula, realizadas em esplanadas, nas quais se distribuiu tarefas, se planificou intervenção e se debateu questões políticas e ideológicas, é tempo de olhar para a frente e para a tenacidade que é necessária para fazer face aos obstáculos que acabarão por surgir, desde logo a precariedade ou os baixos salários praticados no El Corte Inglés, que obrigam muitos trabalhadores a acumularem mais do que um emprego.

Difundir influência

Até ao momento, a célula do Partido na panificadora Apapol é composta apenas por trabalhadores de um turno de uma das várias unidades do grupo, situada no concelho de Oeiras. Mas, como confia João Alves (responsável pelo Sector de Empresas concelhio), este núcleo poderá funcionar como pólo aglutinador entre trabalhadores de diferentes turnos e fábricas e o boletim da célula, que está prestes a sair, poderá contribuir decisivamente para isso.

Também neste caso, a luta dos trabalhadores desse turno – o mais combativo na empresa – e a presença regular dos comunistas foram uma vez mais os ingredientes necessários à constituição da célula. O início é, aliás, curioso: começa com um exemplar do Avante! vendido semanalmente a um dirigente sindical da empresa, que entretanto adoeceu, passando o mesmo a ser adquirido conjuntamente por um grupo de trabalhadores. Daí às conversas sobre o conteúdo do jornal, a situação profissional e o Partido foi um passo, recorda João Alves.

Dos recrutamentos realizados no seio deste núcleo vieram outros e a célula constituiu-se, passando a reunião a realizar-se já não num café próximo da fábrica mas no Centro de Trabalho do Partido. Nascida da luta, a célula do PCP tem como um dos objectivos centrais contribuir para que ela cresça e se desenvolva. E motivos não faltam: na Apapol, os trabalhadores têm apenas um dia de folga semanal, e não dois, como a lei determina; os salários são muito baixos; há profundas discriminações entre trabalhadores das diferentes fábricas; as condições de trabalho são precárias, tendo-se registado só em 2016 mais de 20 acidentes.




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