Quem promove o fascismo?

O voto dos deputados do PCP no Parlamento Europeu contra a proposta de sanções à Hungria por «violação dos valores da União Europeia» serviu para recrudescer o ataque anticomunista, socorrendo-se os média da omissão, da manipulação e da mentira.

Dos comentadores de serviço eram esperadas as teses habituais, procurando transformar a recusa de um processo de aplicação de sanções (que, ainda há pouco tempo, serviram de ameaça ao nosso país por violação de outros valores…) num apoio ao governo húngaro e aos ataques à democracia de que é protagonista.

Num exercício marcado pela hipocrisia, ignoram os argumentos próprios que o PCP avançou para explicar a razão do seu voto, lançando-se pelo contrário no velho exercício de equiparar os «extremos». «Só o PCP e a extrema-direita votaram a favor de Órban», leu-se por aí, tantas vezes vindo daqueles que partilham cargos no grupo que integram no Parlamento Europeu com destacados dirigentes do partido no poder na Hungria. E que no dia-a-dia, lado a lado, com eles partilham posicionamentos e sentidos de voto.

Mas, para lá dos comentários, o tratamento jornalístico do que se passou no Parlamento Europeu foi igualmente marcado por, no mínimo, uma simplificação da posição do PCP. A recusa de sanções foi apresentada como uma simples recusa da ingerência, passando ao lado, nomeadamente, da denúncia feita da ascensão de forças de extrema-direita na União Europeia. Mas os deputados do PCP não se limitaram à constatação, denunciando igualmente aqueles que, pela sua acção, promovem e dão força ao fascismo, ao racismo, à xenofobia.

É a própria União Europeia e as suas políticas que criam condições para situações como a da Hungria que, aliás, não é única. Ao defender fielmente os interesses das grandes potências e do capital, as instituições da União Europeia contribuem para a violação dos mesmos direitos humanos que afirmam querer defender agora na Hungria. Assim foi com as intervenções da troika, de que Portugal é exemplo, ou até com a participação na destruição da Líbia e na agressão à Síria.

Quando falamos da mesma União Europeia que ajudou as forças fascistas ucranianas a chegar ao poder, e continua a dar-lhes apoio, o cinismo do processo torna-se evidente. As lágrimas de crocodilo pelos direitos do povo húngaro não legitimam a ingerência sobre um Estado soberano, que hoje recai sobre a Hungria e amanhã pode virar-se para castigar qualquer tentativa de construir um caminho de desenvolvimento soberano.

Talvez assim se possa compreenda melhor o silêncio que cá se instalou em torno do voto de condenação da ingerência norte-americana na Venezuela, apresentado pelo PCP na Assembleia da República e chumbado com os votos contra do PS, do PSD e do CDS, e a abstenção do BE. Será que Trump, tal como Órban, só é mau quando convém?




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