O critério da verdade (2)
Na passada 2.ª feira, em Lisboa, populações das freguesias de Prior Velho e Alhandra, utentes de alguns dos balcões da Caixa Geral de Depósitos (CGD) cujo encerramento está previsto para este ano, manifestaram-se em frente à residência oficial do primeiro-ministro contra este encerramento. Exibiam cartazes e faixas onde se podia ler «a Caixa faz falta e é para ficar».
De facto, ficámos recentemente a saber que a CGD pretende fechar cerca de 70 agências este ano, a maioria já este mês e nas áreas urbanas de Lisboa e do Porto.
Entre outras razões, alega a administração da CGD, com o aval do Governo, que estas alterações decorrem da proliferação da Internet que tornaria dispensáveis tais serviços. Desculpa de mau pagador, diz o povo e com razão. Será que todos os portugueses são utilizadores da Internet? Será que todos (incluindo os idosos) têm acesso a um computador e à Internet? E mesmo que tivessem, seriam serviços equivalentes? E, por outro lado, ao encerrarem-se todas estas agências, com Internet ou sem Internet, quantos trabalhadores vão ser despedidos?...
Nesta luta participou o presidente da Câmara Municipal de Loures, e membro do Comité Central do PCP, Bernardino Soares, o vereador da Câmara Municipal de Lisboa, deputado no Parlamento Europeu e membro do Comité Central do PCP, João Ferreira, e ainda o deputado do grupo Parlamentar do PCP na Assembleia da República, Miguel Tiago.
A Câmara Municipal de Lisboa aprovou, na passada quinta-feira, uma moção apresentada pelo PCP para demonstrar a «total discordância» da autarquia sobre o encerramento de agências da CGD, que foi aprovada. Mas a segunda alínea, relativa à exigência ao Governo e à administração da Caixa para reverter a decisão, foi rejeitada pelo PS, com abstenção do PSD e do CDS-PP.
E, como a prática é o critério da verdade, assim se vê quem está de facto com as populações e defende, intransigentemente, os seus direitos.