Para que nunca mais
A retenção de imigrantes em campos de detenção nos EUA e, particularmente, a detenção de crianças separadas dos pais, foi a notícia que mais indignou o mundo na semana passada. A crueldade das histórias divulgadas, a desumanidade do tratamento a crianças de todas as idades, a quantidade de seres humanos envolvidos, tudo impressiona, choca e indigna.
É, como muito bem escreveu o PCP, «um acto bárbaro», «a expressão concreta de uma política xenófoba e racista» que não é exclusiva desta administração Trump, antes uma prática de anos. Tem agora mais dimensão e gravidade, ganhou mais visibilidade, em resultado da chamada «tolerância zero», integrada numa política de imigração exploradora, discriminatória e desumana, como de resto se vê em tantas outras expressões da sociedade norte-americana.
O drama destes meninos e dos seus pais não é infelizmente único no mundo. A desumanidade com que a União Europeia trata refugiados e migrantes tem diariamente um libelo acusatório nos milhares de pessoas que tentam cruzar o Mediterrâneo. Quem não se lembra da fotografia do menino morto numa praia, vítima de um naufrágio? E o que dizer dos milhares de menores palestianos presos nas brutais cadeias israelitas?
Falar dos casos de terríveis sofrimentos de outras crianças e das suas famílias pelo mundo fora não pretende diminuir em nada a comoção que sentimos quando soubemos o que se passa nos EUA. Pretende, pelo contrário, aumentá-la: é que não se trata de um caso isolado, resultado de uma cambada de loucos. É o capitalismo, é o imperialismo, na sua face mais brutal e revoltante. A nossa luta contra a exploração também se faz a pensar nestas crianças, também se faz para construir um mundo onde nunca mais isto aconteça. As acções promovidas em Lisboa e no Porto e a 9 e a 12 de Julho pela paz são um momento imediato para essa luta.