Tem a ONU condições para defender a paz?

Filipe Diniz

Não há dia sem notícia de uma agressão militar no mundo. Os principais agressores são sempre as grandes potências imperialistas – com os EUA/NATO à cabeça – e os seus aliados regionais, com Israel na linha da frente.

A história das organizações internacionais criadas para salvaguardar a paz é confrangedora. Ambas surgem em resultado de uma guerra mundial – a Sociedade das Nações em 1919, a ONU em 1945 – e ambas são historicamente incapazes de impedir o caminho da guerra.

A Sociedade das Nações tem como objectivos «o desarmamento; a prevenção de guerras através do princípio da segurança colectiva; a resolução de conflitos pela negociação». Foi o que se viu. Os EUA não a integram. A Alemanha nazi e o Japão abandonam-na em 1933, a Itália fascista em 1937. A URSS, que aderira em 1934, é excluída em 1939.

A ONU substitui-a em 1945. A face geopolítica do planeta fora radicalmente transformada pelo conflito mundial, pela vitória da URSS, pelo novo ímpeto ganho pelo movimento nacional-libertador. O balanço das décadas entretanto decorridas é bem negativo.

Desde 1945 os EUA, por exemplo, empreenderam 35 guerras em todos os continentes. Se não conseguem instrumentalizar a ONU, desprezam-na e ignoram as suas resoluções, com particular destaque para Cuba e Palestina. É esmagadoramente adoptado no âmbito da ONU um Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares. EUA, França e Grã-Bretanha não o subscrevem «nem subscreverão». Todos os dias avançam novas agressões e preparativos para uma tragédia ainda maior. Não será a ONU quem a impedirá.

Só haverá uma força capaz de o fazer: o movimento dos povos em defesa da paz. Entre as duas guerras mundiais, a causa da paz era indissociável da luta contra o fascismo. Hoje, é a luta anti-imperialista que é essencial à luta pela paz.




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