RPDC dá passo firme para desnuclearização

PENÍNSULA COREANA A República Popular Democrática da Coreia (RPDC) pôs fim aos ensaios nucleares e balísticos, passo significativo na desnuclearização da península mas sobre o qual persistem resistências no vizinho do Sul.

Pyongyang não fez nenhuma exigência que os EUA não possam cumprir

LUSA


O anúncio da suspensão dos testes militares atómicos e de mísseis intercontinentais por parte da RPDC foi divulgado na sexta-feira, 20, na sequência de uma reunião do Partido do Trabalho da Coreia, na qual Kim Jong-un e a direcção política norte-coreana registaram os rápidos desenvolvimentos visando a paz na Península Coreana, e consideraram que o programa nuclear do país alcançou os objectivos propostos, designadamente o cumprimento de um papel estratégico face às ameaças da Coreia do Sul e dos EUA.

De acordo com informações divulgadas pela agência de notícias pública, Kim Jong-un garantiu ainda que a Coreia do Norte, em nenhuma circunstância, usará armas nucleares ou transferirá tecnologia para terceiros, excepto se ocorrer uma provocação ou ataque proporcionais a si dirigidos. Manifestou-se, igualmente, disponível para contribuir para o desígnio de não-proliferação e desarmamento nuclear ao nível global.

O anúncio do fim dos ensaios nucleares e balísticos ocorreu a cerca de uma semana de Kim Jong-un se encontrar com o seu homólogo da Coreia do Sul, hoje, 27 de Abril. Há 11 anos que líderes máximos das coreias não reúnem, mas o carácter histórico do conclave decorre, sobretudo, do facto de esta ser a primeira vez desde a interrupção dos combates (1950-1953) que um chefe de Estado e de governo da Coreia do Norte se desloca além do paralelo 38.

No final de Maio ou princípio de Junho, Kim Jong-un deverá encontrar-se com o presidente norte-americano, confirmou o próprio Donald Trump depois de ter assegurado que o director da CIA tinha estado em audiência com o líder norte-coreano.

Resistências

No sábado, 21, a presidência sul-coreana reagiu ao anúncio de Pyongyang salientando que o fim dos ensaios «representa um passo significativo para a desnuclearização da península coreana». A presidência sul coreana e em particular o presidente Moon Jae-in dão sinais de especial empenho em pôr fim ao estado de guerra que persiste desde a assinatura do armistício, em 1953.

A anteceder a decisão da RPDC, a presidência sul-coreana fez saber que as partes haviam acordado o restabelecimento de uma linha telefónica directa entre os dois líderes. Na segunda-feira, 23, foram interrompidas as emissões de propaganda anti-norte-coreana na fronteira.

Na quinta e sexta-feira da semana passada, Moon Jae-in sublinhou mesmo que «a desnuclearização não tem um significado diferente para nenhuma das coreias» e que «a Coreia do Norte está apostada» nesse desígnio. O presidente sul-coreano acrescentou que Pyongyang «não fez nenhuma exigência que os EUA não possam cumprir, nomeadamente a retirada das tropas da Coreia do Sul», e assegurou estar «preparado para assinar um acordo de paz» que ponha termo à confrontação.

A vontade de pacificação de Kim Jong-un e Moon Jae-in enfrenta, porém, obstáculos. O representante de Washington na conferência sobre o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, que se realiza por estes dias em Genebra, Robert Wood, salientou que «os EUA continuam comprometidos com a desnuclearização completa, verificável e irreversível da Coreia do Norte». Defendeu, além do mais, segundo a Reuters, a manutenção das sanções impostas à RPDC.

Já esta terça-feira, de acordo com a Lusa, após reunião com a subsecretária adjunta dos Estados Unidos para os Assuntos do Leste da Ásia, o delegado sul-coreano para a desnuclearização disse que o encontro entre Kim Jong-un e Moon Jae-in é «uma oportunidade única para desnuclearizar a Coreia do Norte». O que difere daquilo que são as expectativas de desnuclearização multilateral expressas por ambos os presidentes.



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