Votos na AR sobre a Síria e o Iémene
Um voto do BE a condenar a intervenção militar turca no território autónomo curdo em Afrin, na Síria, foi aprovado dia 29, na AR, com os votos a favor do seu autor, PS, PEV e PAN, e as abstenções do PCP, PSD e CDS.
Em declaração de voto a bancada comunista releva o facto
de o BE, depois de em Fevereiro ter caucionado e legitimado também através de um voto a agressão à República Árabe Síria, vir agora a propósito da situação que se vive em Afrin ocultar que se «trata de nova expressão da agressão militar que dura há já sete anos contra a Síria» e dar «por assumida a sua desagregação e o desrespeito pela sua integridade territorial».
No texto, em que afirma que desde o início das «operações de ingerência e agressão contra a Síria» que defende a «integridade territorial e soberania daquele País e Estado soberano», a «par da defesa do diálogo político e de conciliação nacional» – sendo de resto o único partido português a assumir de forma clara essa posição –, o PCP lembra ainda que «já exprimiu em diversas situações a sua condenação pelas acções de violenta repressão e perseguição do povo curdo pelo governo e exército turcos».
Fundamentando a sua abstenção, por último, o PCP assinala que embora «apontando desta vez no sentido correcto», o voto do BE «padece contudo de uma ambiguidade não negligenciável ao não referir, especialmente na parte resolutiva, aquilo que é fundamental defender num momento em que as ameaças externas àquele País são inúmeras: a constatação de que os ataques se dão em território sírio e a defesa da integridade territorial e da soberania síria sobre o seu território».
Aprovado pela AR foi ainda o voto do PSD de condenação dos mísseis lançados pelo Iémene contra a Arábia Saudita, com os votos a favor do PS e do CDS-PP, contra do PCP e BE, a abstenção do PEV e PAN.
Classificando a iniciativa do PSD de «parcial e hipócrita, e um «acto de irresponsabilidade», a bancada comunista considera em declaração de voto que «ficará registada como um dos piores exemplos de manipulação e desinformação dos últimos tempos». Isto porque o texto «oculta por completo que no Iémene existe um conflito militar», uma «guerra que dura desde 2014», com uma «brutal intervenção externa da Arábia Saudita», que «já matou dezenas de milhares de civis», ignorando inclusivamente «afirmações da Organização das Nações Unidas que consideram a situação naquele país «uma das mais graves situações humanitárias do Mundo».
«Com este voto, o PSD coloca-se ao lado de quantos, como Donald Trump e Bolton, a Arábia Saudita e o governo israelita se esforçam por inflamar ainda mais a tragédia no Médio Oriente», sublinha o PCP.