Firmeza na IP por aumentos salariais com nova greve no dia 2

NEGOCIAÇÃO As organizações representativas dos trabalhadores da Infra-estruturas de Portugal confirmaram a convocação da greve para 2 de Abril, mas insistem que é possível negociar antes uma solução.

Para uma solução, como a da CP, é exigida intervenção política

A Comissão de Trabalhadores da IP e os doze sindicatos – entre os quais estão as federações dos Transportes e da Função Pública, da CGTP-IN – acusaram anteontem a administração da empresa pública de «incapacidade de negociação» e «manifesta falta de vontade de se empenhar numa solução» para responder à reivindicação de aumentos salariais.

No mais recente comunicado conjunto, as treze estruturas protestaram contra a posição dos representantes da administração nas reuniões de negociação, que alegaram não ter autorização nem autoridade para aceitar aumentos de salários.

Para os representantes dos trabalhadores deve ser tomado como referência o desfecho das negociações na CP, empresa que também está sob tutela do Ministério do Planeamento e Infra-estruturas. «No início da negociação, a administração informou que a sua proposta era de 2,4 milhões de euros (embora agora venha dizer que não sabe se tem autorização para tal)», enquanto «a proposta de um aumento intercalar dos salários, tendo como referência o acordo feito na CP, custará à IP 1,9 milhões», afirma-se no documento divulgado terça-feira à comunicação social, realçado a conclusão de que «há dinheiro disponível para solucionar o conflito, evitar mais prejuízos à economia nacional e constrangimentos para os utentes».

Reclamando que o Governo e administração expliquem porque não se soluciona o conflito, as organizações dos trabalhadores voltaram a declarar-se «disponíveis para reunir pelo tempo que for necessário e quando o Governo e administração queiram». E «se a administração não tem capacidade ou não quer, então o Governo tem de chamar a si esta questão e criar as condições para o normal funcionamento da IP».

Os salários dos trabalhadores das empresas do universo IP (IP Infra-estruturas, IP Telecom, IP Engenharia e IP Património) não são actualizados desde 2009, insistindo os sindicatos e a CT que no OE de 2018 os aumentos já não estão proibidos, como antes sucedera.

A luta, em unidade, teve um ponto alto na greve de 24 horas, realizada a 12 de Março.

No dia 22, quinta-feira, teve lugar uma concentração, de tarde, frente ao Ministério. Em nome do PCP, o deputado Paulo Sá manifestou solidariedade à luta dos trabalhadores e lembrou que o Partido sempre se opôs à fusão da Refer e da Estradas de Portugal, que deu origem à IP.

«Esperamos evoluções na reunião de negociação que tem lugar amanhã», referia a Fectrans/CGTP-IN, numa nota publicada ainda nesse dia, após uma delegação ter sido recebida pelo chefe de gabinete do secretário de Estado das Infra-estruturas.

Passada uma semana, a «evolução» poderá vir do primeiro-ministro, a quem na terça-feira foi enviada uma carta a expor o assunto. Para «obterem a resposta, nomeadamente a de saberem com quem terão de negociar, em tempo útil para evitar a greve», dirigentes das organizações representativas e outros trabalhadores concentram-se hoje, de manhã junto à residência oficial do chefe do Governo.

 



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