Comentário

Em Cuba nenhuma criança será esquecida

João Pimenta Lopes

A visita que fizemos a Havana, Cuba, na passada semana, integrada numa delegação do GUE/NGL, permitiu aprofundar o conhecimento da realidade cubana e visitar várias instituições, que são, entre outras, o espelho das conquistas da revolução, não obstante as dificuldades impostas pelo bloqueio. O bloqueio é um mecanismo criminoso de agressão contra Cuba e o seu povo, que não conhece limites, nem mesmo quando os visados são crianças.

Em Cuba a saúde é pública, universal, gratuita. Uma das nossas visitas decorreu no Cardiocentro Pediátrico William Soler. Inaugurado em 1986, é um hospital com 100 camas, que providencia assistência médica a doentes cardíacos na infância e a pacientes, de qualquer idade, que sofrem de doenças cardíacas congénitas. Em 31 anos realizaram mais de 12 mil cirurgias e conseguiram a redução da mortalidade pediátrica por doença cardíaca de 3 para 0,4 por mil nados-vivos. Mas o embargo tem consequências muito específicas que limitam ou impedem a aquisição de medicamentos de ponta, de equipamentos ou peças para manutenção. Um cruel exemplo dado na visita reportava a impossibilidade de realizarem intervenções cirúrgicas por cateterismo, por ser impossível a aquisição de dado cateter, produto de uma empresa norte-americana, obrigando a intervenções mais invasivas.

Em Cuba, a educação é pública, universal, gratuita. Visitámos a Escola Solidariedade com o Panamá, uma escola inaugurada em 1989, que integra crianças com idades entre o pré-escolar e o 9.º ano com deficiências físicas ou mentais. Recebe crianças de todo o país, promovendo a sua capacitação individual para a autonomia, a reabilitação física e psicológica, a integração social e familiar, a preparação para a integração na escola comum. A par da promoção da autonomia, prepara as crianças para viverem com as suas limitações, realizando-se nesse contexto. Oferece condições de pernoita aos pais das crianças que vivem distantes do centro. Dispõe de 150 trabalhadores para 197 crianças, 67 dos quais especializados também na área da medicina para os cuidados médicos de que muitos necessitam. Ali fomos lembrados que em Cuba, em 60 anos de revolução nunca se fechou uma escola, nunca se deixou de pagar o salário a um professor. «A revolução nunca esquecerá os seus filhos» afirmava Fidel.

Num momento em que no Parlamento Europeu se vai discutindo uma nova directiva sobre o balanço entre a vida privada e o trabalho, recauchutando intenções goradas de uma directiva da maternidade que morreu na Comissão em 2015, a realidade é sóbria. Os ataques aos direitos laborais comprometem os direitos à maternidade e parentalidade, e a oferta de serviços de apoio à infância, creches e pré-escolar, é escassa e limita-se praticamente na sua totalidade à iniciativa privada com custos insuportáveis. Em Cuba, onde o bloqueio tudo afecta, a licença de maternidade estende-se até aos 12 meses, sendo os primeiros 6 de gozo exclusivo da mãe. A oferta pública até ao pré-escolar cobre quase 99% das crianças. Cuba é território livre de subnutrição infantil e tem uma taxa de alfabetização de 99,8%. Em Cuba, nenhuma criança será deixada à sua sorte.




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