Libertação de Ahed Tamimi e dos menores palestinianos
PALESTINA O Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente apela aos que «prezam a liberdade e a justiça» para lutarem pela libertação «Ahed Tamimi e todos os menores presos por Israel».
Mais de 300 menores estão presos nos cárceres de Israel
Já depois do comunicado divulgado pelo MPPM, dia 29 de Dezembro, as autoridades sionistas de Israel acusaram a jovem palestiniana de 12 delitos, entre os quais agressão a um soldado, lançamento de pedras, obstrução e incitação à violência.
Ahed Tamimi, de 16 anos, está a tornar-se um símbolo da resistência palestiniana à ocupação israelita, de denúncia dos crimes sionistas e de defesa dos menores injuriados e presos, na sequência da divulgação de um vídeo em que aparece a enfrentar soldados israelitas armados. Inicialmente as imagens foram divulgadas já editadas, criando a ideia de que Ahed Tamimi e a sua prima Nur, que a acompanhava, eram as agressoras. O governo israelita lançou uma autêntica campanha de criminalização que chegou ao ponto de exigir que as jovens palestinianas acabassem os seus dias na prisão.
Numa versão posterior, sem edição, percebe-se que só depois de agredida por um dos soldados é que Ahed Tamimi responde na mesma proporção.
Agredido e agressores
No comunicado, o MPPM explica o contexto do episódio, lembrando que «o acto das jovens da família Tamimi não foi gratuito. Pouco antes da cena registada, no dia 15 de Dezembro, um seu parente, Mohammed Tamimi, de 15 anos, tinha sido atingido na cabeça por uma bala de borracha disparada por um soldado israelita, tendo sido levado para o hospital a esvair-se em sangue e em perigo de vida. As duas jovens procuravam por isso impedir que os soldados invadissem o pátio da sua casa e a usassem para atacar os jovens da aldeia que protestavam contra a recente decisão estado-unidense de reconhecer Jerusalém como capital de Israel».
«A notoriedade de Ahed Tamimi, porém, vem de mais longe e faz parte de uma história de resistência à ocupação e à colonização», prossegue o MPPM, recordando que a aldeia onde vive «foi vítima do roubo de dezenas de hectares de terras e de uma nascente de água em proveito do vizinho colonato israelita de Halamish»; que Ahed Tamimi participou desde os 9 anos de idade nos protestos que durante anos se desencadearam contra aquele roubo. Aos 13 anos Ahed tornou-se conhecida por uma série de fotos em que, juntamente com a mãe e tia, tentava desesperadamente salvar o seu irmão ferido, Mohammad, então com 11 anos, de ser preso pelas forças israelitas».
A história de Ahed Tamimi testemunha a violência e repressão israelitas, considera ainda o Movimento, sublinhando que a jovem viu um primo e um tio serem mortos pelos ocupantes, que «o seu pai, Bassem, foi preso pelas autoridades israelitas mais de uma dezena de vezes, tendo passado mais de três anos em detenção administrativa», e que «a sua mãe, Nariman, já tinha sido detida cinco vezes».
A casa onde vive a família Tamimi «já foi assaltada pelas forças israelitas mais de 150 vezes», realça também o MPPM, que alerta que «além de ver sucessivamente prolongada a sua detenção, Ahed tem sido transferida entre várias prisões de Israel, em violação do direito internacional».
Uma entre milhares
«Ahed Tamimi vem juntar-se aos mais de 300 menores palestinos actualmente presos nos cárceres de Israel. Segundo o Addameer, grupo de defesa dos presos palestinos, desde 2000 mais de 12 000 menores palestinos foram detidos e aproximadamente 700 menores palestinos da Margem Ocidental [do rio Jordão] ocupada são processados todos os anos por tribunais militares israelitas depois de serem detidos e interrogados pelo exército israelita.
«A maioria dos menores relatam terem sido submetidos a maus-tratos — bofetadas, espancamentos e empurrões, privação de sono, além de insultos — durante os interrogatórios para lhes extrair confissões forçadas, sendo muitas vezes obrigados a assinar documentos escritos em hebraico, apesar de não compreenderem a língua».
«Ahed Tamimi corre na prisão riscos iminentes», insiste o MPPM, que «expressa o seu respeito e a sua solidariedade com Ahed Tamimi e com a corajosa luta de todo o povo palestino, junta a sua voz ao clamor que no mundo inteiro se ergue para exigir a sua liberdade e todos os menores presos por Israel», e apela aos que «prezam a liberdade e a justiça» e ao Estado português «a que desenvolvam esforços» nesse sentido.