Homicídios políticos ensombram Colômbia

PAZ Dezenas de líderes sociais foram assassinados este ano e centenas ameaçados perante a inacção do Estado colombiano, situação que está a colocar em causa a pacificação do país.

O processo de paz está em causa

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De acordo com os números divulgados pela procuradoria-geral da república colombiana, o número de homicídios de dirigentes camponeses, sobretudo, ultrapassava, no final de Julho de 2017, a meia centena. Uma contabilização efectuada pela Telesur, no entanto, indica que até ao último dia 18 de Dezembro o total de líderes sociais assassinados ia já em 74.

A lista negra que está a ensombrar o processo de paz acordado entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP, entretanto transformadas em partido político) e o governo não se fica por aqui. Nos derradeiros dias do ano passado, vieram a público novos casos que, ao que tudo indica, se enquadram na vaga de liquidação de importantes quadros políticos defensores de uma paz com justiça social.

A autoridade judicial colombiana afirma, ainda, que se a contagem for feita desde o início de 2016, o número de homicídios de líderes sociais ultrapassa os 185 e o total de ameaçados que apresentaram queixa cifra-se em mais de 500. É igualmente de registar o facto de a procuradoria alertar que a maioria dos assassinatos ocorreram em zonas que as FARC-EP abandonaram na sequência do acordo de paz, do seu respectivo acantonamento e entrega das armas. Ou seja, nas áreas rurais que antes se encontravam protegidas pela guerrilha e agora se encontram vulneráveis à acção de mercenários a soldo de latifundiários e garimpeiros que procuram explorar terras que deveriam em boa parte ser ocupadas em benefício das comunidades locais.

Governo culpado

Contrariamente ao que confirma a própria procuradoria-geral da república, o presidente Juan Manuel Santos considera que a maioria dos homicídios se deve a «razões pessoais». Organizações de defesa dos direitos humanos, por seu lado, acusam o governo de estar em negação porque lhe falta vontade política para descobrir e combater os bandos de criminosos responsáveis pela situação.

Forças armadas e policiais estão também a ser denunciadas como autoras de repressão violenta e assassinato de líderes sociais, caso da morte de sete camponeses, em Outubro passado, na região de Nariño, tendo inclusivamente as autoridades de investigação criminal aberto um processo contra uma alta patente militar e uma outra da polícia.

A historiadora e activista do Movimento Nacional de Vítimas de Crimes do Estado, Alejandra Gaviria, adverte, neste contexto, que o processo de paz está em causa, atribuindo ao executivo liderado por Juan Manuel Santos a culpa pela marginalização e mesmo exclusão daqueles que, subscrito o acordo de paz, deveriam estar no centro do processo de pacificação e democratização da Colômbia e ser protegidos pelas entidades públicas.




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