SECÇÃO O PARTIDO NAS EMPRESAS

Esclarecer, mobilizar, apontar caminhos

A denúncia da exploração e o estímulo à resistência e à luta organizada são duas das mais visíveis e importantes funções das células e organizações partidárias na acção junto dos trabalhadores, nas empresas e locais de trabalho. É precisamente o que faz o núcleo dos call centers da EDP da Organização Regional de Lisboa do PCP no comunicado que dirige aos trabalhadores contratados pela Randstad que prestam serviço à empresa distribuidora de electricidade. O título é revelador do que está em causa: «Trabalhadores que prestam serviço à EDP ganham o salário mínimo nacional e vêem a reivindicação de aumento salarial de 30 euros recusada».

Nesse documento, o Partido considera «inadmissível que estas empresas continuem a ter lucros gigantescos à custa da exploração brutal dos trabalhadores», ao mesmo tempo que negam a valorização salarial por mais ínfima que seja. No caso concreto da Randstad, que pode muito bem servir de exemplo do que se passa em muitas outras empresas de trabalho temporário e prestação de serviços, os comunistas realçam que até até Setembro deste ano os lucros atingiram os 586 milhões de euros, ao mesmo tempo que a facturação, em Portugal e Espanha, cresceu 11 por cento, para 1055 milhões.

Tendo a Randstad em Portugal cerca de 12 500 trabalhadores, o aumento de 30 euros a cada um deles significaria qualquer coisa como 375 mil euros (em mil milhões de facturação). O argumento utilizado para travar os aumentos salariais é, hipocritamente, a defesa do «frágil equilíbrio» da empresa...

Já a EDP, que amealhou 1147 milhões de euros de lucros nos primeiros nove meses do ano (um aumento de 86 por cento relativamente ao ano anterior), «tem de assumir responsabilidades perante estes trabalhadores», exige o PCP, lembrando que é ela quem paga pelo serviço e por cada um dos trabalhadores contratados a esta ou outras empresas de trabalho temporário e que os postos de trabalho que ocupam são permanentes.

Em Oliveira de Azeméis, distrito de Aveiro, o PCP está a distribuir aos trabalhadores da unidade local da Gestamp um comunicado em que assume que «é já tempo de acabar com os 30 minutos não remunerados». Em causa está a aceitação pelos trabalhadores, há uns anos, numa fase difícil da empresa, do prolongamento em meia hora diária do período de laboração sem qualquer remuneração extraordinária. Sucede que agora a empresa apresenta lucros crescentes (no primeiro semestre de 2016 atingiram 116 milhões de euros, mais 25 milhões face a igual período do ano anterior) e está até a aumentar as suas instalações com o recurso a fundos comunitários.

Para a Comissão Concelhia do PCP, é à qualidade e sacrifício dos trabalhadores que se deve os resultados apresentados, pelo que é «mais do que tempo de acabar com essa meia hora extraordinária de trabalho não remunerado». Ainda por cima, realça, essa medida não vigora nas unidades que a empresa tem em Vila Nova de Cerveira e Vendas Novas. Particularmente grave, denuncia ainda o Partido, é o facto de a empresa insistir com os trabalhadores para que continuem a trabalhar gratuitamente cerca de meio mês por ano e inclusivamente que «persiga aqueles que se recusam».

Na AveiroBus, os comunistas denunciam a instalação de câmaras no interior dos autocarros, voltadas para os motoristas, e lembram que tal medida é ilegal, «uma vez que o direito à privacidade é um dos mais básicos consagrados na legislação e não são poucos os casos em que empresas tentaram e não tiveram sucesso em imposições deste tipo».

Em todos estes casos, o PCP manifesta o seu apoio e solidariedade aos trabalhadores e insiste que só organizados e unidos eles serão capazes de combater a exploração e valorizar as suas condições laborais e salariais.




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