Decisão sobre Jerusalém impede paz e evidencia papel dos EUA no conflito

PALESTINA O PCP considera que o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel constitui «um novo e sério obstáculo à necessária solução negociada da questão palestiniana» e põe em evidência a hipócrisia dos EUA quanto à «justa resolução do conflito».

Todas as forças amantes da paz devem manifestar-se

LUSA

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O Partido reagiu, assim, ao anúncio por parte de Donald Trump da transferência da representação diplomática norte-americana para aquela cidade. A decisão comunicada a semana passada pelo presidente dos EUA motivou o levantamento do povo palestiniano na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e em Jerusalém Leste.

Anteontem, as autoridades palestinianas contabilizavam seis mortos e mais de trezentos feridos em resultado da repressão israelita sobre os protestos. Duas das vítimas mortais não resistiram aos ferimentos de balas disparadas pelos ocupantes. As restantes quatro pereceram a bombardeamentos da aviação sionista contra a Faixa de Gaza.

Quanto aos feridos, a maioria chegou aos hospitais com injúrias provocadas por munições reais, indicam informações divulgadas pelo Crescente Vermelho e pelos serviços de saúde palestinianos.

A indignação também se tem feito sentir em países árabes e muçulmanos e na diáspora palestiniana. No Conselho de Segurança das Nações Unidas, a maioria dos países pronunciou-se contra a decisão unilateral dos EUA e alertou para as suas consequências, designadamente para a resolução pacífica do conflito israelo-árabe, preocupação, de resto, expressa por dezenas de países, personalidades e organizações e titulares de cargos internacionais, entre os quais o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Em Israel, o Partido Comunista e a Frente Democrática para a Paz e a Igualdade lembram que a decisão «nega os direitos do povo palestiniano», revela a aliança entre norte-americanos, sionismo e regimes reaccionários árabes contra aqueles e mostra que «os EUA são parte do problema e não da solução». Na Palestina, a Frente Popular para a Libertação da Palestina chamou à insurreição popular e apelou à Autoridade Nacional Palestiniana para que abandone a coordenação de segurança com Israel.

Condenação em Portugal

O PCP emitiu logo no dia 6 uma nota na qual «condena veementemente o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel», considerando que a decisão «representa um apoio explícito por parte dos EUA à política sionista de Israel, uma agressão frontal ao martirizado povo palestiniano e uma provocação aos povos árabes, com perigosas e imprevisíveis consequências».

Para o Partido, a decisão é «tão mais grave quando é tomada num momento em que se tornam cada vez mais claros os planos para uma nova escalada militar na região, que encerra o perigo duma enorme confrontação». O PCP alerta, igualmente, que «a decisão agora adoptada não pode ser desligada das medidas da administração norte-americana para sabotar o acordo nuclear com o Irão; das agressões militares de Israel em território sírio; dos anúncios da constituição de uma “NATO do Médio Oriente”, dirigida contra o Irão e que envolve ditaduras do Golfo; dos conflitos fomentados pela Arábia Saudita, histórico aliado dos EUA, contra o Iémene e outros países da região; do recrudescimento de ataques terroristas em países como o Egipto; das insistentes declarações de dirigentes de Israel ameaçando com conflitos militares directos com o Irão e o Líbano – um quadro de degradação generalizada da situação que é fomentado pelos sectores mais aventureiros e belicistas do imperialismo».

«A decisão da Administração norte-americana – que viola abertamente o Direito Internacional e numerosas resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre o estatuto de Jerusalém, desde logo a Resolução 478 que explicitamente determina a saída das missões diplomáticas dessa cidade, bem como a Resolução 2334 de Dezembro de 2016 que, condenando o prosseguimento da expansão de colonatos israelitas em território palestiniano, reitera que o estatuto de Jerusalém apenas pode ser decidido pela via negocial – constitui um novo e sério obstáculo à necessária solução negociada da questão palestiniana e coloca em evidência o papel hipócrita dos EUA relativamente à justa resolução do conflito», acrescenta-se na nota, na qual se exorta o Governo português a condenar inequivocamente Washington, se reafirma «a solidariedade de sempre com o povo palestiniano e à sua legítima e heróica luta», e se apela «a todas as forças amantes da paz a que manifestem».

O Conselho Português para a Paz e a Cooperação e Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente – MPPM também consideram, entre outros aspectos, que a decisão dos EUA compromete a busca da paz, revela o cinismo deste país e coloca em causa o seu papel como mediador no conflito.


Partidos comunistas com o povo palestiniano

Um conjunto de partidos comunistas e operários lançou um apelo comum em solidariedade com o povo palestiniano e contra a decisão de Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Os partidos «condenam veementemente a posição inaceitável do presidente norte-americano, através da qual os EUA reconhecem Jerusalém como a capital de Israel» e consideram que «esta decisão mina fortemente a justa luta do povo palestiniano contra a ocupação israelita, pela criação e reconhecimento de um Estado palestiniano nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital».

Os primeiros signatários deste apelo sublinham, igualmente, que a decisão dos EUA «constitui uma perigosa provocação contra os povos do Médio Oriente» e «aponta para uma mais geral conflagração na região, a fim de satisfazer os planos imperialistas dos EUA». Os partidos recordam, ainda, que «a UE e em geral as lideranças dos seus estados-membro também assumem responsabilidades por este desenvolvimento, uma vez que têm vindo a aprofundar as suas relações com o Estado de Israel ao mesmo tempo que este oprime e assassina o povo palestiniano».

Os partidos apelam aos trabalhadores, a todos os povos, para «que fortaleçam sua solidariedade com o povo palestiniano: para libertar os milhares de prisioneiros políticos das prisões israelitas; para derrubar o muro da vergonha; para forçar a retirada do exército israelita de todos os territórios ocupados desde 1967, incluindo os Montes Golã (Síria) e as Quintas de Shebaa (Líbano); para acabar com todos os bloqueios contra o povo palestiniano na Cisjordânia e na Faixa de Gaza; para defender o retorno dos refugiados palestinianos aos seus lares, com base nas resoluções relevantes da ONU; para continuar a luta pelo reconhecimento de um Estado palestiniano independente, soberano e viável nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Leste como capital».

São primeiros signatários deste apelo: Partido Comunista do Brasil, Partido Progressista do Povo Trabalhador (AKEL) de Chipre, Partido Comunista da Boémia e Morávia, Partido Comunista da Grécia, Partido dos Trabalhadores Húngaros, Partido Comunista da Índia, Partido Comunista da Índia (Marxista), Partido do Povo do Irão (TUDEH), Partido do Trabalho da Coreia, Partido Comunista Português, Partido Comunista da Federação Russa, Partido Comunista Operário Russo, Partido Comunista Sul-Africano, Partido Comunista da Turquia e Partido Comunista da Ucrânia.


PCP solidário com os presos palestinianos

A convite da Frente Democrática de Libertação da Palestina, o PCP esteve presente no 4.º Congresso da Aliança Europeia em Defesa dos Presos Palestinianos, que se realizou de 8 a 10 de Dezembro, na Holanda, em Haia, cidade onde está sediado o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), órgão judiciário da Organização das Nações Unidas.

Neste Congresso participaram partidos e movimentos que a nível europeu e internacional defendem a justa causa e luta do povo palestiniano pela sua libertação da colonização e opressão que há décadas lhe é imposta pelo Estado de Israel, com o apoio dos Estados Unidos da América e a cumplicidade e conivência da União Europeia. Participaram igualmente juristas que denunciaram a violação sistemática das resoluções da ONU e decisões do TIJ, assim como familiares de presos políticos palestinianos encarcerados por Israel, os quais testemunharam as degradantes e inumanas condições a que são submetidos durante o cativeiro.

Perante a sistemática violação das leis internacionais e a impunidade do Estado de Israel, saiu reforçada do Congresso a determinação em denunciar os crimes sionistas e em exigir a libertação imediata dos presos políticos palestinianos detidos pelas autoridades israelitas.

Leal ao seu dever internacionalista, o PCP reafirmou a sua solidariedade para com o povo palestiniano e sua legítima e heróica luta pelo direito a um Estado independente e viável nas fronteiras anteriores a 1967, com capital em Jerusalém Leste. O Partido reafirmou também o respeito pelo direito de retorno dos refugiados palestinianos, assim como pela libertação de todos os prisioneiros políticos palestinianos em Israel.




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