«Confiámos demasiado nos Estados Unidos e responderam-nos com o bombardeamento da Jugoslávia e a guerra do Iraque», afirmou recentemente o presidente russo sobre as relações bilaterais entre Moscovo e Washington.

Putin participou a 19 de Outubro na sessão final do 14.º fórum anual do Clube Internacional de Debates Valdai, na cidade de Sochi.

O dirigente russo recordou que, nos anos 90, o seu país confiou nos EUA, por exemplo, no que respeita à desnuclearização. No quadro do que qualificou de «um dos mais efectivos esforços de desarmamento da História», Moscovo permitiu inclusivamente às autoridades estado-unidenses visitar as suas instalações militares secretas. Especialistas norte-americanos realizaram cerca de 170 visitas àqueles locais e ali até «instalaram gabinetes permanentes, enfeitados com as bandeiras dos EUA».

Putin lembrou também que Moscovo «mostrou uma sinceridade e uma confiança sem precedentes» face aos EUA e autorizou uma centena de funcionários norte-americanos a efectuar inspecções de surpresa às instalações nucleares russas, no âmbito dos acordos bilaterais que tinham sido assinados no tempo de Mikhail Gorbatchov e Borís Yeltsin.

«É muito bem conhecido», segundo Putin, como respondeu Washington a esta franqueza: «Ignorou totalmente os nossos interesses nacionais, apoiou o separatismo no Cáucaso e levou a cabo acções bélicas desprezando [as regras] do Conselho de Segurança». Entre essas acções, o presidente russo enumerou os bombardeamentos dos EUA à Jugoslávia, em especial à cidade de Belgrado, e a invasão do Iraque. E considerou que «os norte-americanos «viram em que estado se encontravam o complexo nuclear, as forças armadas, a economia» russas e depois disso «ignoraram o direito internacional».

O bombardeamento da Jugoslávia ocorreu em 1999 no âmbito de uma guerra declarada unilateralmente pela NATO contra aquele país, durante o conflito do Kosovo. Os bombardeamentos a Belgrado, a capital, duraram 78 dias e causaram mais de dois mil mortos civis e seis mil feridos.