Governo tem de valorizar o transporte fluvial no Tejo

DE­GRADAÇÃO As em­presas pú­blicas de trans­porte flu­vial que ligam as duas mar­gens do Tejo têm vindo a cortar car­reiras e a de­gradar o ser­viço que prestam. O PCP exige in­ves­ti­mento pú­blico para in­verter a si­tu­ação.

O in­ves­ti­mento anun­ciado não se fez sentir nas em­presas

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O PCP, através dos seus de­pu­tados eleitos pelo cír­culo de Se­túbal, con­frontou o Go­verno com a de­gra­dação do trans­porte flu­vial, à se­me­lhança aliás do que tem vindo a fazer nos úl­timos anos. Num co­mu­ni­cado re­cente emi­tido pelo Ga­bi­nete de Im­prensa da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Se­túbal, o Par­tido de­nuncia o novo corte na oferta do trans­porte flu­vial na So­flusa em hora de ponta, que, ga­rante, agrava ainda mais a qua­li­dade da li­gação flu­vial entre Bar­reiro e Lisboa.

A em­presa anun­ciou um novo ho­rário no dia 11 de Se­tembro, que im­plica o corte de cinco car­reiras entre as duas mar­gens. Estes cortes, acres­centa o PCP, «foram anun­ci­ados de­pois de um anúncio por parte do Go­verno de 10 mi­lhões de euros para re­cu­pe­ração da frota». Pe­rante a falta de tra­ba­lha­dores, a so­lução en­con­trada foi não o re­forço do seu nú­mero mas a re­dução de car­reiras, de­nuncia.

Lem­brando que as má­quinas e equi­pa­mentos «exigem cui­dados de ma­nu­tenção con­ti­nu­ados», o PCP re­alça que tal cons­ta­tação exi­giria a exis­tência de ser­viços e de téc­nicos que te­nham por ta­refa dar res­posta a este pro­pó­sito. Ora essa foi pre­ci­sa­mente uma das áreas destas em­presas que «so­freram cortes drás­ticos», que le­varam a uma ex­trema de­pen­dência de ser­viços pres­tados por ter­ceiros em claro pre­juízos da fi­a­bi­li­dade da ope­ração.

Ques­tões cen­trais

No co­mu­ni­cado, o PCP re­a­firma o «papel es­tru­tu­rante e es­tra­té­gico» que o sis­tema de trans­portes tem na vida do País e o papel es­sen­cial que o trans­porte pú­blico e a mo­bi­li­dade re­pre­sentam para a vida dos tra­ba­lha­dores, dos es­tu­dantes e das po­pu­la­ções em geral, «com enormes be­ne­fí­cios para o am­bi­ente e para o de­sen­vol­vi­mento». É com este pano de fundo que os de­pu­tados co­mu­nistas voltam a ques­ti­onar o Go­verno acerca das suas op­ções para o trans­porte flu­vial entre as duas mar­gens do Tejo, no­me­a­da­mente as que se re­la­ci­onam com a mo­der­ni­zação e ma­nu­tenção da frota.

Entre as ques­tões co­lo­cadas, os eleitos do PCP pre­tendem saber que me­didas estão con­si­de­radas para a adopção ur­gente de um «plano de mo­der­ni­zação da frota da Trans­tejo e So­flusa» e da im­ple­men­tação de um plano de «ma­nu­tenção que de­volva a fi­a­bi­li­dade à ope­ração». Estas ma­té­rias ga­nham uma acres­cida re­le­vância após o des­blo­que­a­mento de verbas pelo Go­verno para este fim.

O PCP pre­tende saber, no­me­a­da­mente, que na­vios foram já in­ter­ven­ci­o­nados e que tipo de re­pa­ra­ções foram feitas; quais as pró­ximas em­bar­ca­ções a irem para o es­ta­leiro, quando e para que fins; se o Go­verno vai dar ori­en­ta­ções para repor a oferta en­tre­tanto cor­tada aos fins-de-se­mana; e quando serão re­cons­ti­tuídos os ser­viços pró­prios de ma­nu­tenção. Os co­mu­nistas querem ainda saber se o Go­verno vai in­verter a po­lí­tica de des­truição de postos de tra­balho e de pre­ca­ri­zação das re­la­ções la­bo­rais, com­ple­tando os qua­dros ope­ra­ci­o­nais das em­presas com tra­ba­lha­dores efec­tivos, in­te­grando os que se en­con­tram ac­tu­al­mente com vín­culos pre­cá­rios, e de­sen­volver um plano de for­mação per­ma­nente que ga­ranta a pre­pa­ração dos tra­ba­lha­dores para res­ponder às exi­gên­cias téc­nicas do fu­turo.




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