Franceses contestam na rua pacote laboral de Macron

CÓDIGO DO TRABALHO Logo após a jornada de luta de dia 12, as federações dos transportes da CGT e da FO anunciaram uma greve a partir da próxima segunda-feira, 25, contra a revisão da legislação laboral.

A luta contra a revisão laboral ganha amplitude

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Centenas de milhares de franceses saíram às ruas, dia 12, em dezenas de cidades de França, para protestar contra a revisão do Código do Trabalho, impulsionada pelo presidente Emmanuel Macron.

O número de manifestantes em todo o país ascendeu a 233 mil, segundo contabilizou o Ministério do Interior, estimativa que os sindicatos (CGT e Solidaires) elevaram para mais de 500 mil pessoas.

Sobre o arranque das movimentações contra a nova legislação laboral, Philippe Martinez, secretário-geral da CGT, considerou que se trata de «uma estreia bem-sucedida».

Apesar de as manifestações terem sido convocadas apenas por duas centrais (CGT e Solidaires), pela federação do Ensino (FSU) e o sindicato dos estudantes (UNEF), trabalhadores filiados noutros sindicatos, designadamente na FO e CFDT, participaram nos protestos com as respectivas bandeiras e símbolos distintivos.

Os maiores desfiles tiveram lugar em Paris, com cerca de 100 mil manifestantes, e em Marselha com perto de 60 mil. Dezenas de milhares desfilaram ainda nas cidades de Toulouse, Havre, Lyon, Nantes, etc.

A jornada ficou ainda marcada por greves, marchas-lentas de pesados nos acessos à capital e a outros centos urbanos, assim como por bloqueios parciais em vários estabelecimentos de ensino, promovidos pelos alunos.

Para hoje, quinta-feira, 21, véspera da apresentação dos projectos de decretos em Conselho de Ministros, a CGT marcou uma nova jornada de greves, que será prosseguida, a partir de segunda-feira, no sector dos transportes, desta vez já com o apoio da federação da FO. Espera-se bloqueios dos depósitos de combustíveis e outras acções que terão «consequências muito concretas na economia francesa», segundo declarou em conferência de imprensa, Jérôme Vérité, secretário-geral da CGT-Transports.

As duas federações manifestaram o desejo de que rapidamente haja maior «convergência nas mobilizações».

Também a «França Insubmissa», partido de Jean-Luc Mélenchon, convocou para o próximo sábado, 23, em Paris, uma manifestação contra a alteração do código do trabalho.

Uma lei à medida do patronato

A reforma laboral, que o governo se prepara para impor por decreto, prevê o plafonamento das indemnizações por despedimento sem justa causa, a redução dos prazos de recurso dos trabalhadores, a negociação das condições de trabalho sem intermediação dos sindicatos, nas empresas com menos de 50 empregados, ou ainda a fusão das estruturas representativas dos trabalhadores.



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