Crescer com confiança

Octávio Augusto (Membro da Comissão Política)

Chega ao fim a fase de discussão, elaboração e finalização das listas para as eleições autárquicas de 1 de Outubro. Um período de intensa actividade associada à prestação de contas sobre o trabalho realizado, de ampla e alargada discussão em todos os concelhos e freguesias.

São enormes as possibilidades de alargamento da CDU

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O resultado traduziu-se na apresentação de listas da CDU a todos os órgãos municipais do continente e da Madeira e a 15 dos 19 concelhos dos Açores, ou seja a 304 dos 308 municípios. A CDU concorre ainda a 1807 das actuais freguesias, mais 72 do que em 2013. Integram as listas da CDU, para além de membros do PCP e do PEV, milhares de homens e mulheres sem filiação partidária.

Sublinha-se as enormes possibilidades de alargamento e de crescimento da CDU, patentes não só no número de listas mas também na sua composição. E não fora as imensas e inacreditáveis pressões a que muitos foram sujeitos, directa ou indirectamente, a CDU ainda teria conseguido ir bem mais longe.

Registámos pressões e chantagens de todo o tipo. Desde o presidente de Câmara que chama a educadora para lhe dizer que estava a gostar muito do seu trabalho e que esperava que ela não o desiludisse porque estava a contar com ela para o próximo ano, aos aprendizes de ditadorzinhos que em largas zonas do País vestem a pele de presidentes de Junta, que se recusam a passar certidões de eleitor, ou que, pura e simplesmente, afirmam: «não passo, não passo. O quê, este vai ser candidato dos comunistas? Ele até está a contrato na Câmara…». Em simultâneo, elaboram a listagem dos candidatos dos «comunistas» e ou eles ou o senhor presidente da Câmara fazem o resto: pressionam e obrigam a que desistam!

Foram bem mais os que resistiram e resistem do que aqueles que cederam à chantagem.

A CDU realizou também uma importante «acção de formação e esclarecimento» junto desses caciques sem escrúpulos, informando-os de que em Portugal existem leis, que eles não estão acima da lei. Ajudámos ainda a que percebessem o que eram certidões de eleitor e que elas tinham de ser passadas na Junta e não no tribunal… Resistimos com firmeza a todas as ameaças e provocações.

Daqui ressalta um alerta: se no processo burocrático assistimos a todos e mais alguns atropelos da lei, o que não acontecerá no próprio dia das eleições se não tratarmos convenientemente da fiscalização do acto?

Mulheres e falsos independentes

Sublinha-se igualmente a enorme progressão da presença de mulheres nas listas da CDU, muitas delas como primeiras candidatas. Mas tal não ilude as imensas dificuldades encontradas no terreno, que radicam em aspectos culturais e em dificuldades objectivas resultantes do despovoamento de parte considerável do território nacional.

Seria de resto bem interessante que comentadores, politólogos e alguns dirigentes partidários, daqueles que nos querem convencer que as quotas resolvem o problema da presença de mulheres na actividade política, fossem obrigados a ir para o País real e de lá só saíssem depois de conseguirem formar as respectivas listas.

Que se saiba, não há estudos que o comprovem, mas há alguns especialistas que acreditam que os portugueses no Verão tendem a desmemoriar. Só assim se pode compreender as imensas listas «independentes» com que pretendem enganar a rapaziada.

Em geral, são desavindos dos respectivos partidos, pessoas com ambições e interesses pessoais à mistura, que num dia eram do partido, mas tendo sido preteridos, despem a camisola e passam a «independentes». Há ainda os «independentes de tipo 2», que protagonizam uma estratégia ainda mais sofisticada: o partido ou partidos não concorrem mas apoiam o dito cujo que agora é «independente» e que antes não o era e que depois também deixará de o ser... Esta carapuça pode ser enfiada quer pelo PS e pelo BE, quer pelo PSD e CDS.

E contam, claro, com a complacência dos media, que ajudam nesta farsa. Esses mesmos que mais tarde aí estarão a perorar sobre as razões da abstenção, do «descrédito dos partidos e dos políticos»…

Uma campanha diferente
duma força que é diferente

Com meios desiguais, sem os recursos técnicos, materiais e logísticos de outros, a CDU tem de assentar a sua campanha no contacto directo, na iniciativa de rua, no debate dos problemas e das propostas concretas, em falar e ouvir.

E não tendo os meios de outros, temos aquilo que nenhum deles tem: a nossa massa imensa de militância, que tem de ser dinamizada e potenciada para fazermos de cada candidato e de cada activista um mensageiro da CDU.

Vamos a isso, com toda a confiança!




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