França assume controlo de estaleiros navais

ECONOMIA O governo francês decidiu exercer o direito de preferência do Estado para impedir que os estaleiros navais de Saint-Nazaire (Oeste) caíssem sob controlo italiano.

Controlo público assegura postos de trabalho e interesses

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A medida, anunciada dia 27, tem um carácter «temporário», segundo afirmou ministro da Economia, Bruno Le Maire, invocando ao mesmo tempo «a defesa dos interesses estratégicos da França».
«Os estaleiros de Saint-Nazaire são um instrumento industrial ímpar em França. Queremos pois garantir aos trabalhadores, mas também à região, aos clientes, aos fornecedores e a todos os franceses que as capacidades excepcionais dos estaleiros em termos de construção permanecerão em França», precisou o ministro na sua declaração, sem nunca usar o termo «nacionalização».
O Estado francês já dispunha de 33 por cento do capital dos estaleiros, controlados em 66 por cento pelo grupo sul-coreano STX Offshore and Shipbuilding, desde 2008.
Em 2016, o STX entrou em processo de insolvência e os seus activos foram postos à venda. O grupo público italiano Fincantieri, primeiro construtor naval na Europa, apresentou-se como o único candidato à compra da participação sul-coreana nos estaleiros de Saint-Nazaire, tendo assinado um acordo no valor de 79,5 milhões de euros.
No entanto, o governo francês recusou ceder a maioria do capital ao grupo italiano, principal rival dos estaleiros franceses, propondo-lhe uma participação de 50/50 que não foi aceite pelo Fincantieri.
Várias forças políticas há muito que exigiam a assumpção pelo Estado do controlo dos estaleiros, como única forma de assegurar os mais de sete mil postos de trabalho (2600 directos e 5 mil de empresas fornecedoras).
Hoje, os estaleiros têm uma invejável carteira de encomendas que garante a laboração por uma década. É lá que são construídos os famosos vasos de guerra da classe Mistral, foi de lá que saiu, em 2016, o maior navio de cruzeiro da actualidade, o Harmony of the Seas.
Por isso, Bruno Retailleau, presidente do Conselho Regional de Pays de la Loire, região onde se situam os estaleiros, alertou para o risco de as encomendas passarem para Itália, no caso de tomada do controlo pelo grupo Fincantieri: «Será natural que o governo italiano peça aos seus estaleiros nacionais que dêem trabalho aos italianos em vez de o darem aos franceses».

 



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