Unidade e força na greve na MEO

ACÇÃO Com a grande par­ti­ci­pação na greve de dia 21 e na ma­ni­fes­tação em Lisboa, os tra­ba­lha­dores da MEO e do Grupo PT de­mons­traram que estão unidos e de­ter­mi­nados, na luta pelo em­prego com di­reitos e pelo in­te­resse na­ci­onal.

O ataque da Al­tice exige res­posta firme do Go­verno

A greve de 24 horas na MEO, na pas­sada sexta-feira, teve ní­veis de adesão acima de 80 por cento e, em muitos lo­cais, abarcou pra­ti­ca­mente a to­ta­li­dade dos tra­ba­lha­dores. Mais de cinco mil pes­soas in­te­graram-se nessa tarde na ma­ni­fes­tação na­ci­onal, que ligou a sede da em­presa e do Grupo PT (PT Por­tugal, SGPS SA), nas Pi­coas, à re­si­dência ofi­cial do pri­meiro-mi­nistro.
As in­for­ma­ções que a Co­missão de Tra­ba­lha­dores da MEO e os sin­di­catos (entre os quais, o Sinttav e o SNTCT, da Fec­trans/​CGTP-IN) foram di­vul­gando du­rante a jor­nada con­fir­mavam as ele­vadas ex­pec­ta­tivas cri­adas nos ple­ná­rios e con­cen­tra­ções que ti­veram lugar desde que foi con­vo­cada, no dia 5.
O mo­tivo mais pró­ximo foi a de­cisão da Al­tice (a mul­ti­na­ci­onal fran­cesa que com­prou a PT Por­tugal, há dois anos, e que, no dia 14, anun­ciou a compra da Media Ca­pital) de trans­ferir tra­ba­lha­dores para ou­tras em­presas, en­co­brindo assim o des­pe­di­mento. Mas o des­con­ten­ta­mento vinha-se acu­mu­lando, em es­pe­cial por cen­tenas de tra­ba­lha­dores es­tarem há meses sem fun­ções atri­buídas. Com estas de­ci­sões, como sa­li­en­taram as or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas dos tra­ba­lha­dores, é posto em causa o fu­turo de uma em­presa fun­da­mental no sector es­tra­té­gico das te­le­co­mu­ni­ca­ções.

A ne­ces­si­dade de uma po­sição firme do Go­verno, para travar os pro­jectos da mul­ti­na­ci­onal, foi de­fen­dida desde a pri­meira hora pelo PCP, que no dia 20 sus­citou a dis­cussão do pro­blema no Par­la­mento (ver aqui).
Esta exi­gência foi re­a­fir­mada por Je­ró­nimo de Sousa, que es­teve com uma de­le­gação do Par­tido no início da ma­ni­fes­tação. O Se­cre­tário-geral do PCP, ca­lo­ro­sa­mente sau­dado por muitos tra­ba­lha­dores, ex­pressou «so­li­da­ri­e­dade ac­tiva com a luta e com a uni­dade na acção dos tra­ba­lha­dores e das suas or­ga­ni­za­ções».
A pre­sença da de­le­gação co­mu­nista – que in­te­grou Ma­nuela Pinto Ângelo (do Se­cre­ta­riado do Co­mité Cen­tral), Ma­nuel Gou­veia (membro do CC) e Bruno Dias (membro do CC e de­pu­tado) – re­pre­sentou ainda apoio a «uma grande exi­gência de de­fesa do in­te­resse na­ci­onal, de de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores», para que o Go­verno «as­suma res­pon­sa­bi­li­dades na de­fesa da PT, na de­fesa do con­trolo pú­blico desta grande em­presa, na de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do seu em­prego e dos seus di­reitos».
Afir­mando a «cer­teza de que a luta vai con­ti­nuar» e «é in­dis­pen­sável neste pro­cesso», Je­ró­nimo de Sousa deixou aos tra­ba­lha­dores o com­pro­misso de que podem con­ti­nuar a contar com o PCP do seu lado.
Com fortes e pro­lon­gados aplausos seria re­ce­bida a in­ter­venção de Bruno Dias, du­rante a con­cen­tração junto à re­si­dência ofi­cial do pri­meiro-mi­nistro, es­pe­ci­al­mente quando disse que na PT «quem está a mais não são tra­ba­lha­dores, são os abu­tres que estão a des­man­char a em­presa» e que esta «tem de ter con­trolo pú­blico».
Foi também muito aplau­dida a afir­mação de que «a fraude pode ser tra­vada já hoje», em­bora o PCP man­tenha «dis­po­ni­bi­li­dade para al­terar, cor­rigir, cla­ri­ficar o que for pre­ciso» nos ar­tigos do Có­digo do Tra­balho in­vo­cados pela ad­mi­nis­tração da MEO.

Enorme pro­testo

Para a Fe­de­ração dos Sin­di­catos de Trans­portes e Co­mu­ni­ca­ções, no dia 21 ocorreu um «enorme pro­testo contra a Al­tice», que der­rotou «a chan­tagem e as ile­ga­li­dades» da mul­ti­na­ci­onal, em es­pe­cial no que toca aos «ser­viços mí­nimos». A Fec­trans/​CGTP-IN des­tacou a so­li­da­ri­e­dade dos sin­di­catos de te­le­co­mu­ni­ca­ções da PAME, ma­ni­fes­tada frente à em­bai­xada por­tu­guesa em Atenas.
Ao longo do per­curso, as in­for­ma­ções sobre os ní­veis de adesão, co­mu­ni­cadas através do carro de som, na frente da ma­ni­fes­tação, eram re­ce­bidas efu­si­va­mente. Du­rante mais de duas horas, na al­tura de maior calor, a descer até ao Marquês e do Rato até à es­ca­daria da AR (onde se cantou o Hino Na­ci­onal), e a subir es­for­ça­da­mente, na Cal­çada da Es­trela, os ma­ni­fes­tantes não mos­traram can­saço.
Gri­taram «Al­tice é al­dra­bice» (como es­tava ins­crito nas ca­mi­solas cin­zento-ne­gras, com o sím­bolo da mul­ti­na­ci­onal, que muitos deles en­ver­gavam), «Di­reitos con­quis­tados não podem ser rou­bados», «In­jus­tiças so­ciais, arre porra, que é de­mais», «Costa, não nos vires costas», «Go­verno, ouve e vê, na­ci­o­na­liza a PT», «A luta con­tinua na MEO e na rua», «Com esta ad­mi­nis­tração não há so­lução», «O povo unido ja­mais será ven­cido».
Mas também can­taram «Olé, Al­dra­bice, olé» e «Quem não salta não é da malta».

Pela vi­va­ci­dade, des­tacou-se um grupo de jo­vens do Norte, que se­guia logo atrás dos pri­meiros panos, trans­por­tados por di­ri­gentes sin­di­cais e da CT. Na ma­ni­fes­tação es­ti­veram tra­ba­lha­dores de di­fe­rentes idades, agru­pados por sin­di­catos e re­giões, mas muitas vezes numa mis­tura de ban­deiras e car­tazes que ilus­trava bem a ampla uni­dade criada na res­posta à mul­ti­na­ci­onal.
Ao in­tervir na Rua Borges Car­neiro, junto à re­si­dência do pri­meiro-mi­nistro, o Se­cre­tário-geral da CGTP-IN con­si­derou na­tural haver di­fe­renças de opi­nião e po­sição, des­ta­cando a «uni­dade na acção de todos os tra­ba­lha­dores» como ele­mento «fun­da­mental e es­tra­té­gico». Ar­ménio Carlos su­bli­nhou que «vai ser de­ter­mi­nante con­ti­nuar a lutar, para pres­si­onar que a lei e os di­reitos dos tra­ba­lha­dores sejam res­pei­tados».
A con­ti­nu­ação da luta foi o ca­minho con­fir­mado pela de­le­gação que se reuniu com um as­sessor do pri­meiro-mi­nistro. Fran­cisco Gon­çalves, do se­cre­ta­riado da CT da MEO, fa­lando já de­pois de se ter ou­vido o Hino Na­ci­onal e A In­ter­na­ci­onal (que en­cer­raram as in­ter­ven­ções sin­di­cais e po­lí­ticas), ad­mitiu «todas as formas de luta», re­me­tendo de­ci­sões para uma reu­nião das es­tru­turas re­pre­sen­ta­tivas dos tra­ba­lha­dores, esta se­mana.

 



Mais artigos de: Trabalhadores

PREVPAP não resolve a precariedade <br>no Estado

PRO­TESTO A Frente Comum de Sin­di­catos exigiu do Mi­nis­tério das Fi­nanças que o pro­grama PREVPAP «não sirva para le­gi­timar a pre­ca­ri­e­dade nos ser­viços pú­blicos e des­pedir mi­lhares de tra­ba­lha­dores».

Metropolitano deu respostas <br>após marcação de greve

RE­SUL­TADOS De­pois de ter sido en­tregue o pré-aviso de greve para dias 1 e 3 de Agosto, a ad­mi­nis­tração do Me­tro­po­li­tano de Lisboa «apressou-se a dar al­gumas das res­postas», o que levou à sus­pensão da pa­ra­li­sação.

CGTP-IN sobre Venezuela

«Respeite-se a vontade soberana do povo», apela a CGTP-IN, num comunicado de imprensa que emitiu na terça-feira, dia 25, acerca da eleição da Assembleia Constituinte, este domingo, na Venezuela. «Os venezuelanos têm a oportunidade de, democraticamente, com o seu voto,...

Greves na indústria

Num conjunto de lutas que estão marcadas em empresas dos sectores eléctrico, químico, metalúrgico e automóvel, até final de Agosto, destacam-se as greves na Petrogal (Grupo Galp Energia), iniciadas ontem e que se prolongam até às 24 horas de dia 30, na refinaria...

Comissões da CGD cortam 60 euros nas pensões

O Governo não pode permitir que a Caixa Geral de Depósitos concretize o anunciado aumento das comissões de manutenção de contas bancárias dos aposentados, protestou anteontem, dia 25, a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, salientando que...

Repor direitos no SEE

A STCP tornou público no dia 18 que vai cumprir a lei, congratulou-se a Fectrans, notando que tal ocorreu depois das diligências feitas pela federação junto da administração e também no Ministério do Ambiente. Em causa está a reposição do...

Na Medway havia outras...

«Afinal, a proposta anterior não era a última», comentou o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, ao anunciar que a administração da Medway (antiga CP Carga, adquirida pelo Grupo MSC) convocou uma reunião para dia 20, onde apresentou dois...

Professores mantêm alerta

Na acção reivindicativa a desenvolver no próximo ano lectivo, a Fenprof decidiu manter como objectivos prioritários aqueles que, em 2016-2017 «não mereceram qualquer ou a adequada resposta», relativamente a horários de trabalho, aposentação dos...