O PCP não é editável
A notícia é na televisão, o assunto a luta na PT, a imagem é de um plenário de trabalhadores em Coimbra. Ao fundo ouve-se uma voz anónima, que transmite solidariedade e confiança. É de um dirigente do PCP. A notícia ignora-o e prefere destacar a posição do PS, do PSD e do BE, particularmente do BE, com direito a rodapé no início «Catarina Martins quer...» e no final da peça «BE diz que Governo...». Indiferente à censura, silenciada da televisão mas nunca da vida, a voz anónima continua a fazer-se ouvir quando termina a peça.
Aqueles dois minutos e pouco reflectem bem o mundo em que vivemos. O editado e o não editado.
O mundo da verdade editada, onde o PCP é apagado como parte do esforço (cada vez mais titânico, cada vez mais condenado ao fracasso) de esconder a necessidade e a possibilidade da ruptura.
O mundo real. Onde o País desaba como consequência da política imposta durante 40 anos por PS, PSD e CDS. Onde as privatizações terminam todas da mesma forma: num imenso desastre para o povo e o País, numa orgia de lucros e prebendas para o grande capital e seus intermediários. Onde em cada luta, os trabalhadores e as populações têm a seu lado, ou à sua frente, o PCP.
É nesse país real, construindo laços reais, travando as batalhas de hoje e de amanhã, que vive o PCP. Incontornável e insilenciável. E tem sido assim na PT. Quase sempre sem holofotes, manhã cedo à porta da empresa distribuindo confiança e perspectiva, na Assembleia da República dando voz aos trabalhadores e suas organizações, confrontando o Governo com as suas responsabilidades, expressando solidariedade em todas as acções de luta realizadas. Activando e reforçando as suas células, elemento vital do corpo revolucionário que é o colectivo partidário.
Falando sempre a verdade para quantos nos conseguirem ouvir, mesmo quando sabemos que essa verdade só será reconhecida anos depois. Anos que acabam por chegar.