O PCP não é editável

Manuel Gouveia

A no­tícia é na te­le­visão, o as­sunto a luta na PT, a imagem é de um ple­nário de tra­ba­lha­dores em Coimbra. Ao fundo ouve-se uma voz anó­nima, que trans­mite so­li­da­ri­e­dade e con­fi­ança. É de um di­ri­gente do PCP. A no­tícia ig­nora-o e pre­fere des­tacar a po­sição do PS, do PSD e do BE, par­ti­cu­lar­mente do BE, com di­reito a ro­dapé no início «Ca­ta­rina Mar­tins quer...» e no final da peça «BE diz que Go­verno...». In­di­fe­rente à cen­sura, si­len­ciada da te­le­visão mas nunca da vida, a voz anó­nima con­tinua a fazer-se ouvir quando ter­mina a peça.

Aqueles dois mi­nutos e pouco re­flectem bem o mundo em que vi­vemos. O edi­tado e o não edi­tado.

O mundo da ver­dade edi­tada, onde o PCP é apa­gado como parte do es­forço (cada vez mais ti­tâ­nico, cada vez mais con­de­nado ao fra­casso) de es­conder a ne­ces­si­dade e a pos­si­bi­li­dade da rup­tura. 

O mundo real. Onde o País de­saba como con­sequência da po­lí­tica im­posta du­rante 40 anos por PS, PSD e CDS. Onde as pri­va­ti­za­ções ter­minam todas da mesma forma: num imenso de­sastre para o povo e o País, numa orgia de lu­cros e pre­bendas para o grande ca­pital e seus in­ter­me­diá­rios. Onde em cada luta, os tra­ba­lha­dores e as po­pu­la­ções têm a seu lado, ou à sua frente, o PCP.

É nesse país real, cons­truindo laços reais, tra­vando as ba­ta­lhas de hoje e de amanhã, que vive o PCP. In­con­tor­nável e in­si­len­ciável. E tem sido assim na PT. Quase sempre sem ho­lo­fotes, manhã cedo à porta da em­presa dis­tri­buindo con­fi­ança e pers­pec­tiva, na As­sem­bleia da Re­pú­blica dando voz aos tra­ba­lha­dores e suas or­ga­ni­za­ções, con­fron­tando o Go­verno com as suas res­pon­sa­bi­li­dades, ex­pres­sando so­li­da­ri­e­dade em todas as ac­ções de luta re­a­li­zadas. Ac­ti­vando e re­for­çando as suas cé­lulas, ele­mento vital do corpo re­vo­lu­ci­o­nário que é o co­lec­tivo par­ti­dário.

Fa­lando sempre a ver­dade para quantos nos con­se­guirem ouvir, mesmo quando sa­bemos que essa ver­dade só será re­co­nhe­cida anos de­pois. Anos que acabam por chegar.




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