Poder e não querer
Qualquer política que se defenda, necessita, para ser concretizada, de uma condição de partida: de que obtenhamos o poder de a concretizar. Esse poder é um conjunto de instrumentos, meios e relações de força determinado. Mas o poder não chega. É preciso querer, ter a vontade de, tomar a opção por. Olhemos para onde olhemos a situação política nacional, o problema é cada vez mais o mesmo: o Governo do PS quando pode não quer.
Como exemplo, bem elucidativo para a população de Lisboa, tomemos o caso do Metropolitano. Teria sido simples operar uma revolução na qualidade e fiabilidade da oferta. Bastava que há 18 meses o Governo do PS tivesse ouvido os trabalhadores e o PCP. Então, com 10% da verba mensal que o PSD/CDS tinham acabado de oferecer aos privados para gerir o Metropolitano, poder-se-ia: ter contratado os trabalhadores em falta na circulação e manutenção; ter reposto imediatamente os stocks de material sobressalente exaustos após a gestão PSD/CDS, ter revertido o encerramento da oficina no PMO2, o que teria levado a que hoje já se tivesse invertido o ciclo de degradação que mantém mais de 20 comboios parados; ter imediatamente retomado o alargamento de Arroios que levaria a que hoje já circulassem 6 carruagens na Linha Verde; ter revertido os brutais aumentos de preços.
Sem margem para outra coisa, o Governo foi repondo os direitos de trabalhadores e reformados. A conta-gotas, mas repondo. Já no que respeita à situação operacional o Governo limitou-se a empurrar os problemas com a barriga. Terá contribuído nuns 0,001% para reduzir o sacrossanto défice desse ano, que vão custar o triplo a médio prazo pela exponencial degradação do material e da infraestrutura. E apostou em muita propaganda e ainda mais promessas, mas a realidade desfaz todas as ilusões que a propaganda gera.
Era preciso ter tido a coragem de romper com a política de direita. Mas o PS não quis, e não quer há 41 anos!