Alteração na Lei pela acção do PCP reforça baldios e direitos dos compartes
BALDIOS O Parlamento aprovou, dia 23 de Junho, um diploma que altera a Lei dos Baldios, representando um progresso em relação à legislação actual.
Compartes vêem reforçado o direito à sua propriedade comunitária
Apresentado pela Comissão de Agricultura e Mar, a partir de projectos de lei do PCP, PEV, BE e PS que ali se encontravam desde Setembro de 2016 e que foram retirados pelos seus autores para esse fim, o texto de substituição obteve os votos favoráveis destes partidos e a abstenção do PAN. PSD e CDS-PP, autores da lei agora alterada, votaram contra. O acordo para esse texto conjunto fora alcançado duas semanas antes, após meses de conversações no decurso das quais houve sempre um forte empenhamento do Grupo Parlamentar do PCP.
Não correspondendo inteiramente à posição da bancada comunista sobre esta matéria, a Lei dos Baldios agora aprovada «representa um avanço considerável» relativamente às alterações feitas em 2015 pelo governo PSD/CDS-PP, sob uma chuva de fortes críticas por pôr em risco o carácter comunitário destas terras e abrir a sua titularidade a privados.
«É um avanço para o lado da propriedade comunitária. Um avanço para o lado das comunidades locais. Um avanço no sentido certo», sublinhou o deputado comunista João Ramos, numa declaração de voto em nome da sua bancada, onde não escondeu o regozijo por a partir de agora os compartes ficarem «mais seguros no seu direito, acesso e fruição à sua propriedade comunitária».
Importante papel
A nova lei clarifica que os baldios, essas terras seculares, são propriedade das comunidades locais, soberanas na forma de as gerir, que não é regida pelo direito privado. A gestão é de acordo com os «usos e costumes», diferentes conforme as regiões.
Lembrando que os baldios, tal como foram ao longo da nossa história, continuam a ser «fundamentais para promover a fixação de populações», João Ramos salientou a importância desse papel na ocupação do território, sobretudo nos dias que correm em que o País é confrontado com situações dramáticas como as recentemente ocorridas no Centro do País que puseram em evidência as nossas vulnerabilidades.
Por isso a importância das alterações agora aprovadas, visando o reforço dos baldios e o direito dos compartes ao seu património, corrigindo parte substancial das malfeitorias do anterior governo PSD/CDS-PP.
Este, recorde-se, alterou o conceito de comparte, alargando essa condição a quem não tinha esse direito, promovendo assim o conflito. Simplificou ainda a extinção dos baldios, eliminando a exigência de decisão judicial. Limitou a autonomia de decisão dos compartes sobre a sua propriedade, promovendo o negócio e o comércio jurídico.
Como resumiu João Ramos, numa crítica severa a PSD e CDS-PP, «atacaram os baldios na directa medida em que nunca se preocuparam com a agricultura familiar olhando apenas para o agro-negócio e os grandes proprietários».