O difícil acesso à Saúde
Introduzido no debate por Jerónimo de Sousa foi também o Relatório de Inverno do Observatório dos Sistemas de Saúde, onde se destaca uma conclusão: são os mais pobres que têm as maiores dificuldades de acesso aos serviços e aos medicamentos.
Para o líder comunista, os resultados apurados confirmam as preocupações que o PCP tem vindo a expressar, desde logo quanto ao subfinanciamento crónico a que o SNS está sujeito.
É esse subfinanciamento, criticou, o responsável pelo atraso na renovação de equipamentos, pela não contratação de milhares de profissionais em falta (nomeadamente médicos e enfermeiros), situação que na sua perspectiva «põe em causa qualquer objectivo de redução dos tempos de espera, seja nas consultas da especialidade seja nas cirurgias».
A acumulação de doentes nas urgências, a desvalorização profissional e salarial dos profissionais em actividade, a não implementação de uma verdadeira política de promoção da saúde e prevenção da doença constituem outros tantos factores que marcam negativamente a realidade do SNS, motivados por um «subfinanciamento que contribui não só para o aumento das transferências para os grupos privados, como obriga a maioria das famílias portuguesas a gastos insuportáveis com a saúde – mais de 1300 euros ano, uma das maiores taxas da UE».
«Para quando a mudança de política de saúde que o povo português espera e que expressou nas urnas em 2015?», questionou por isso o Secretário-geral do PCP, dirigindo-se ao chefe do Governo.
Esclarecendo que o relatório se refere a dados de 2014, e não deixando de reconhecer que é «verdade aquilo que sinaliza», o primeiro-ministro procurou contudo valorizar os «passos positivos que ao longo deste ano e meio foram dados», exemplificando, entre outras medidas, com a redução de taxas moderadoras, a isenção de taxas de transporte de doentes não urgentes (e mais recentemente para os doentes paliativos), a redução progressiva dos encargos com medicamentos, o aumento do número de unidades de saúde familiar, a abertura de mais camas de cuidados continuados, ou o reforço de recursos humanos.
Apesar dos «vários passos dados», segundo o chefe do Governo, é preciso «continuar a caminhar para assegurar uma melhor distribuição dos encargos do SNS entre os utentes e o Estado».
«É essa caminhada que temos de prosseguir, como temos feito neste ano e meio, e que com certeza iremos prosseguir ao longo dos próximos dois anos e meio», preconizou.