Está-se mesmo a ver...
Na passada 6.ª feira o PCP realizou na AR uma audição sobre o tema «bombeiros – missões, meios e desafios».
A audição estava convocada há várias semanas. Infelizmente, com o incêndio de Pedrógão Grande que mereceu e merece do PCP manifestações de profundo pesar, solidariedade activa, apoio e respeito às populações atingidas e o profundo sentimento de apreço e reconhecimento aos bombeiros e outros profissionais da protecção civil, esta audição viria a ganhar maior actualidade e abrangência.
Nesta iniciativa, o PCP reclamou apoios, condições de trabalho, financiamentos adequados para os Bombeiros. Tal como reclama apoios para colmatar os danos e prejuízos das populações atingidas e medidas de fundo para prevenir e combater os incêndios florestais por forma a pôr fim a essa calamidade e às nossas vulnerabilidades, cuja causa principal são as décadas de política de direita e de ditames da União Europeia.
Três dias depois, Passos Coelho, que foi primeiro-ministro dum governo (PSD/CDS) que se destacou em medidas negativas para a floresta e para as populações (lei da eucaliptização, graves alterações à lei dos baldios, corte de 200 milhões de euros do PRODER na área da floresta, boa parte dos quais destinados à prevenção, entre outras) veio a lume declarar: «tenho conhecimento de vítimas indirectas deste processo, pessoas que puseram termo à vida, que em desespero se suicidaram e que não receberam o apoio psicológico que deviam».
Poucas horas mais tarde, vá-se lá saber porquê (por respeito às vítimas da tragédia é que não foi que é coisa que evidenciou não possuir), desmentiu a afirmação e pediu desculpa por ter utilizado informação que não estava confirmada, apesar de saber que era politicamente incendiária.
Perante isto só faltava mesmo que viesse agora alguém deitar mais achas na fogueira com a «frase batida» tão ao gosto do grande capital : «a culpa é dos partidos que são todos iguais!».
Está-se mesmo a ver, não está?...