Encontro-convívio evoca Movimento da Juventude Trabalhadora

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«MJT – 45 anos depois!», assim se designou o encontro-convívio promovido pela URAP e que reuniu, dia 27, mais de uma centena de antigos activistas do Movimento de Juventude Trabalhadora, organização unitária que desenvolveu uma importante actividade no seio juvenil antes e depois do 25 de Abril.

Com implantação em praticamente todas as regiões do País, o MJT teve um forte papel na mobilização contra o regime fascista e em defesa dos direitos da juventude, de que são exemplo nos anos finais da ditadura as campanhas contra a guerra colonial, pelo direito de voto aos 18 anos ou pelo direitos sindicais.

Escola de valores democráticos e de luta pela liberdade, espaço de intervenção fraterno e solidário por uma sociedade mais justa e de progresso, foram esses traços característico do MJT, suficientemente fortes para marcar os que nele militaram, que de alguma maneira estiveram presentes no espírito dos que participaram nesta jornada que decorreu na Casa do Alentejo, em Lisboa, antecedida nessa manhã de uma visita à cadeia do Aljube.

Oriundos de vários pontos do País, os participantes trouxeram recordações que se trocaram à mesa do almoço, cumplicidades, batalhas, vitórias e derrotas, histórias de resistência e luta de tempos – como acontece hoje e sempre – de generosidade, de entrega e de espírito rebelde, intrínsecos à juventude. Testemunhos bem espelhados, de resto, nos conteúdos da exposição que esteve patente com materiais e documentação desse período, incluindo imprensa clandestina e o «Jovem Trabalhador».

Mas o olhar não se cingiu ao passado. Como é próprio dos que não desistem nem se acomodam, muita da conversa girou pelo caminhos do presente e do futuro, de compromissos com a intervenção cívica, social e política que a muitos – quase todos, afinal – mobiliza e anima.

Falou-se de causas como, por exemplo, a da preservação da memória histórica do Forte de Peniche, esse símbolo da brutal repressão do regime fascista mas também da corajosa e heróica resistência e luta dos que se lhe opuseram. Uma luta na qual a URAP tem desempenhado um decisivo papel e que conta também com a empenhada participação de muitos jovens, como lembrou José Pedro Soares, ex-preso político, numa vibrante e emocionada intervenção.

Antes, César Roussado, também da estrutura directiva daquela organização, dera já as boas-vindas, prestara homenagem aos companheiros e camaradas desaparecidos e avançara os pormenores do momento cultural que viria a animar a tarde em amena confraternização.

Mensagens de quem não pôde estar presente foram lidas por Lurdes Pinheiro, após o que arrancou a música de Samuel, acompanhado ao piano por Nuno Tavares, unindo as muitas vozes que enchiam o salão em canções que se mantêm como hinos de mobilização.

Seguiu-se a poesia, pelo escritor Domingos Lobo e por Manuel Diogo (jogral), em arrebatadoras declamações que elevaram a arte criadora de autores como Gil Vicente, Ary dos Santos, David Mourão-Ferreira ou Manuel da Fonseca.

Guardado, para o final, estava ainda o Cante Alentejano, hoje património imaterial da Humanidade, esse cantar polifónico que transforma em força colectiva a energia que emana da terra e que o Grupo Coral «Os Amigos do Barreiro» interpretou de forma exemplar.



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