Luta dos trabalhadores para superar os problemas
CATARINA Apesar dos curtos passos dados em frente, na nova fase da vida política do País, mantêm-se muitos problemas a carecer de resposta. Problemas que para a sua superação «precisam da luta dos trabalhadores e do povo». Palavras de Jerónimo de Sousa, em Baleizão, na homenagem a Catarina Eufémia.
O PCP continua empenhado na luta pelo trabalho com direitos
«Uma vez mais aqui estamos a prestar homenagem a Catarina Eufémia e ao seu exemplo de dignidade e abnegada coragem. Aqui estamos a homenagear essa mulher de luta, combatente firme e decidida contra a exploração e opressão, pelo direito ao pão, ao trabalho, à terra, orgulho do proletariado dos campos do Alentejo, orgulho de todos os trabalhadores portugueses, orgulho do PCP, o seu Partido».
Assim começou o seu discurso o Secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, no domingo, 21, em Baleizão, na homenagem a Catarina Eufémia. No 63.º aniversário dos «acontecimentos dramáticos» de 19 de Maio de 1954, em que a trabalhadora rural, «enfrentando corajosamente a força bruta fascista, tombou às suas balas assassinas». Com ela «estavam tantos outros braços destas terras de Baleizão, em greve por melhores jornas, mulheres e homens trabalhadores sujeitos a uma brutal dureza de vida – falta de trabalho, ou o trabalho de sol a sol, salários de miséria, a fome – e a total ausência de direitos, em que uma minoria de latifundiários tudo dominava e concentrava a riqueza do que a terra produzia».
Neste Maio, o povo baleizoeiro, comunistas e outros democratas do Alentejo e de todo o País, prestaram tributo público a Catarina, na terra que a viu nascer. Primeiro foi a romagem à campa da heroína, depois o desfile até ao largo central da aldeia e, a terminar, um comício – com muita gente, entusiasmo, emoção e bandeiras vermelhas.
Na tribuna, ao lado do Secretário-geral do Partido, estiveram Luísa Araújo, do Secretariado do Comité Central, João Dias Coelho, da Comissão Política, Miguel Madeira, do Comité Central, João Ramos, deputado, João Rocha, presidente da Câmara Municipal de Beja, Silvestre Troncão, presidente da Junta de Freguesia de Baleizão, responsáveis da JCP, membros da Comissão Concelhia de Beja e da Comissão de Freguesia de Baleizão. Antes da intervenção, houve cante, com as vozes do Grupo Coral Terras de Catarina, feminino, e do Grupo Coral de Baleizão, masculino.
Continuar a luta de Catarina
Homenagear Catarina Eufémia, afirmou Jerónimo de Sousa, é evocar a longa e heróica luta dos trabalhadores agrícolas do Alentejo. É recordar os milhares de homens, de mulheres e de jovens que foram perseguidos, presos, torturados, mortos. É ter presente a resistência contra o fascismo e a luta pela democracia e a liberdade. É lembrar a luta de gerações de antifascistas que perderam a vida ou sofreram as consequências da sua opção de fazer frente ao odioso regime fascista de Salazar e Caetano.
Para o dirigente comunista, nomear Catarina é manter levantada a bandeira da luta pela Reforma Agrária, «esse grande sonho de gerações e gerações de proletários agrícolas, que se tornou momentaneamente realidade com a Revolução de Abril, sob a consigna A terra a quem a trabalha! e que permanece como um projecto de futuro». Um projecto necessário e que mantém toda a actualidade como parte integrante do processo de desenvolvimento do Alentejo. Um projecto que «não abandonaremos e pelo qual continuaremos a lutar».
Relembrar Catarina é também exaltar o papel das mulheres e das comunistas e da sua luta pela emancipação da mulher. Jerónimo de Sousa fez uma referência à situação das mulheres de hoje, aos problemas e à realidade adversa que enfrentam resultante da ofensiva de anos da política de direita.
Anos de política de direita que conduziram o País à crise e o tornaram mais desigual e dependente. Os anos do governo PSD/CDS-PP, sobretudo, foram particularmente duros, «elevando para um novo patamar as políticas de exploração e empobrecimento e de liquidação dos direitos sociais e culturais».
Derrotado esse governo, vive-se agora uma fase diferente. Na nova correlação de forças existente na Assembleia da República, já foi possível «avançar na reposição de direitos e rendimentos». Para os comunistas, «são ainda curtos os passos, mas são passos dados em frente na recuperação de condições de vida». Mantêm-se, porém, muitos problemas que carecem de resposta, «problemas que, para a sua superação, precisam da luta dos trabalhadores e do povo».
É nesse combate que o PCP está, como sempre, empenhado. E foi isso que Jerónimo de Sousa assegurou em Baleizão: «Com a consciência de que a melhor homenagem que podemos prestar a Catarina Eufémia é a de continuarmos o combate pelos objectivos pelos quais ela deu a sua vida, aqui reafirmamos que não desistiremos da luta e do papel que nos cabe na defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País».