O 1.º de Maio do CDS
O CDS e a sua presidente escolheram uma freguesia do concelho de Almada para realizar um almoço dito de «comemorativo» do 1.º de Maio. A data e a referida iniciativa precederam as jornadas parlamentares do CDS que se iniciaram na passada terça-feira em Aveiro e em que um dos temas escolhidos foi o «trabalho». Um diário português chegou a titular que «as jornadas do CDS entram pela agenda da esquerda».
Reconheça-se a oportunidade da iniciativa mediática do CDS. Pôr um partido de patrões a falar de trabalhadores no dia 1.º de Maio bate no olho, mesmo quando isso é ditado pelo calendário eleitoral e pelo oportunismo político a que o CDS já nos habituou. Mas, e voltando à «agenda» do CDS e à sua alegada penetração na «esquerda», lá diz a importante sabedoria popular que a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima. E assim foi. Assunção Cristas começou por afirmar que a questão do trabalho não é «um exclusivo de nenhuma força partidária». E tem razão. Se se tivesse deslocado a uma das muitas dezenas de manifestações do 1.º de Maio convocadas pela CGTP/IN ter-se-ia apercebido de que o que une aqueles trabalhadores não é uma opção partidária mas os seus interesses de classe. E essa é a razão por que muitos deles reconhecem no PCP uma força que defende esses interesses, identificando no CDS exactamente o oposto.
Assunção Cristas não foi ao 1.º de Maio. Almoçou na Sobreda e daí decretou que «o progresso não é feito com luta de classes». A senhora bem pode decretar o que quiser nos seus repastos, mas há uma coisa que não consegue apagar: a luta de classes é uma realidade objectiva, existe, não se decreta nem o seu fim nem o seu início. E é por ser uma realidade objectiva que Cristas esteve longe dos trabalhadores no 1.º de Maio e os comunistas estiveram com eles a lutar e a comemorar… Por mais que isso a irrite a pontos de querer acabar com a luta de classes para poder «matar» o PCP. Vem tarde, já outros tentaram o mesmo e, como se vê, não conseguiram.