Preocupados
A poucos dias do 1.º de Maio amplia-se e intensifica-se o fluxo de lutas dos trabalhadores. O Avante!, como sempre, dá nota desse caudal reivindicativo nos sectores público e privado. Trabalhadores do comércio, hotelaria, transportes, correios, telecomunicações, indústrias eléctricas, sector têxtil e vestuário, ensino, saúde, cultura, autarquias locais, só para referir alguns exemplos, desdobram-se em concentrações, paralisações, greves, manifestações e outras acções reivindicativas. O destaque vai para a exigência do aumento dos salários, o combate às mil formas de trabalho precário ou a exigência da contratação colectiva da qual o patronato, com o apoio de PSD, CDS e PS, quer fazer letra morta. A mobilização das populações é também uma realidade: veja-se as acções por todo o País contra o encerramento de balcões da Caixa Geral de Depósitos ou em defesa do SNS.
No entanto, há toda uma narrativa nos principais órgãos de comunicação social que insiste na tese de que a luta «foi de férias». Chegamos mesmo a ouvir de alguns dos propagandistas da política de direita e dos interesses do capital cínicas manifestações de preocupação sobre a luta social, procurando o enxovalho público, sobretudo do movimento sindical unitário. Percebemos o truque e o engodo que estas pias afirmações trazem no ventre.
Por um lado ocultam, como sempre, a real dimensão e os resultados concretos da luta travada, criando a falsa ideia de atentismo e conformismo face à actual situação, por outro – e é aquilo que os irrita verdadeiramente – que a luta em curso não se destina a fazer regressar PSD e CDS ao governo, mas antes a exigir que se rompa definitivamente com a política de direita com a qual o PS está comprometido, se avance na necessária ruptura com os interesses do capital e as imposições da União Europeia, se aponte à política patriótica e de esquerda que o PCP propõe ao povo português. É essa luta que vai continuar com os valores de Abril, com a força de Maio.