É falso!

João Frazão

A suposta novidade das últimas semanas é a existência de sítios nas redes sociais da Internet que se dedicam a divulgar notícias falsas dos mais diversos matizes, justificadas pelas receitas que isso produz em publicidade gerada automaticamente pelas empresas que dominam esse negócio, e pela influência que tais ditas notícias têm na evolução de certos acontecimentos, na apreciação sobre tal ou tal personalidade, ou mesmo no desenvolvimento de determinados negócios.

O tema teve direito às páginas centrais do Expresso da última semana, com aquele tom entre o compungido pela figura feia que fazem aqueles que divulgam tais falsidades, e o indignado contra os que se dedicam a essa maldade, práticas de que o Expresso e os seus pares se querem ver afastados e mesmo repudiam.

Note-se que há quem diga que a eleição de Donald Trump ou a vitória do sim no referendo britânico sobre a saída da União Europeia tiveram o dedinho dessas invencionices que são postas a rodar nas redes sociais e circulam à velocidade da luz, e o Expresso não quer ser associado a essas «calamidades», mas também não quer reconhecer que aquelas decisões significam, no fundamental, a rejeição pelos povos dos caminhos que os vêm condenando às dificuldades em que se encontram.

Eu dei comigo a pensar que faria bem aos que hoje teorizam sobre estas notícias falsas reflectir sobre o conjunto de notícias, reportagens, artigos de opinião, entrevistas, fotografias e infografias que são publicados pela generalidade da comunicação social, afrontando a verdade e o rigor, e não apenas por omissão mas por manipulação por deliberada opção política e ideológica.

Olhe-se apenas para este fim de semana. É falso que não tenha havido Congresso da JCP, como a generalidade dos órgãos de comunicação social ditos de referência, designadamente jornais, quis fazer crer, pelo seu completo silenciamento. E nem o facto do Congresso ter começado no dia das mentiras os desculpa.




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