Jornalismo de classe

Manuel Rodrigues

Na passada sexta-feira o PCP denunciava e repudiava o «despedimento em curso de cerca de oitenta trabalhadores, entre jornalistas e outros profissionais, do Grupo Cofina e cerca de vinte da SIC – que se segue a um outro semelhante, em Novembro passado, na Visão, também propriedade do Grupo Impresa».

O PCP, além de manifestar a sua solidariedade activa a estes jornalistas apelava aos trabalhadores atingidos por estes despedimentos colectivos que se mobilizem e lutem em defesa dos seus postos de trabalho e reclamava do Governo medidas para impedir este livre arbítrio do patronato e a adopção de medidas de valorização do serviço público e de combate à concentração da propriedade dos órgãos da comunicação social.

São dois grupos económicos que já hoje concentram e controlam um vasto número de órgãos da comunicação social. O Grupo Cofina Media é proprietário, entre outros, do Jornal de Negócios, Record, TV Guia, Máxima, Vogue, Destak, Correio da Manhã e CMTV. Quanto ao Grupo Impresa detém, também entre outros, Expresso, Visão, Jornal de Letras, Blitz, Caras e SIC. Ou seja, trata-se nada mais nada menos do que um novo passo no processo de reduzir custos, aumentar lucros e controlar ainda mais os órgãos que tutelam e os seus profissionais relativamente a quem usam a receita do costume: desregular, precarizar e despedir para mais facilmente manietar e controlar.

Para quem ainda tivesse dúvidas sobre o valor que o grande capital atribui à isenção, pluralismo, independência e qualidade do trabalho jornalístico estes despedimentos deixam tudo mais claro.

E mais evidente se torna ainda para os trabalhadores deste sector que só pela luta se conquistam e defendem os direitos.

E, claro, que nas horas boas e nas horas más é com o PCP que os trabalhadores podem contar. Com o PCP e o seu órgão central, o jornal Avante!. Porque é esta a sua natureza de classe.




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