Em Sesimbra, desde há um ano, todas as quintas-feiras de manhã, com uma persistência inabalável, um conjunto de militantes PCP sai à rua para levar mais longe e dar a conhecer aos trabalhadores e ao povo, a todos, o jornal Avante!, a voz dos que não têm voz e que, ontem como hoje, informa sobre o que verdadeiramente se passa no País e no mundo. O seu primeiro número surgiu em 15 de Fevereiro de 1931.

Fomos encontrá-los numa zona de muito movimento da vila, junto ao Jardim Público de Sesimbra, no Largo 5 de Outubro, frente à papelaria Universal. Naquela manhã, com a brisa do mar a cortar os rostos, a vida passava a correr, mas com tempo para um habitual, e muitas vezes dirigido, «Bom dia camaradas!». A bandeira rubra do Partido desperta a atenção para o que se pretende: a difusão e leitura do órgão central do PCP, uma tarefa partidária da maior importância.

Pontapé de saída

Segundo José Rei, responsável por aquela banca e pela Organização da Freguesia do Castelo, a decisão do Comité Central, na sua reunião de 8 de Março de 2015, de se iniciar uma campanha nacional do Avante! foi o «pontapé de saída» para o que ali passou a acontecer. A seu lado estava Cândida Carvalho, responsável pela Freguesia de Santiago, o camarada Carlos, que responde pela propaganda e a «alma» do Partido em Sesimbra, assim foi apresentado, e Zacarias Lourenço, do Executivo da Concelhia de Sesimbra e responsável pela Organização dos Pescadores.

«Para além do aumento muito significativo do número de jornais, a presença do PCP na rua todas as quintas-feiras, é muito positiva. As pessoas param, olham, lêem os títulos e os destaques da primeira página. Alguns, bastante interessados, perguntam quanto é que custa e acabam por comprá-lo», atestou José Rei.

Também «a distribuição de documentos é um bom pretexto para falar com as pessoas», salientou Carlos, referindo que «a nossa presença permite criar um bom ambiente em torno do Partido».

Vidal, militante do PCP, é um dos muitos que vai ali buscar o Avante!. «Começo sempre pela última página. Depois leio tudo ao pormenor», confidenciou o também membro da Associação de Deficientes das Forças Armadas, referindo que esse é um hábito que adquiriu e que repete desde o 25 de Abril de 1974. Sobre a presença semanal da banca, considerou que é uma «grande ideia», porque comunistas «nunca viram a cara à luta».

Novos leitores

Entre os novos leitores, José Rei recorda que, recentemente, um latino-americano, trabalhador numa empresa de segurança de Braga, com contrato precário, depois de ver uma manchete do Avante!, perguntou-lhe como se podia sindicalizar. «Hoje esse trabalhador já está efectivo», afiançou, salientando: «o título do jornal influenciou-o a vir até ao Partido».

Mas o trabalho desta organização, também nesta área, não se fica por aqui. O responsável – a viver há pouco mais de dois anos no concelho – já começou a contactar, por e-mail e telefone, os militantes da sua área e espera poder estar, pessoalmente, muito em breve, com todos, com o objectivo de actualizar os dados e aumentar a difusão do Avante! «Estou convencido de que o Avante! vai chegar a muito mais pessoas», afiançou.

Contacto com as pessoas

Cumpre-se assim o papel informativo, formativo e organizativo da imprensa revolucionária. «Para além da nossa sede, que não é tão central, este passou a ser um centro de trabalho e de contacto com as pessoas, militantes e amigos do Partido», evidenciou Mário Peixoto, responsável pela Organização Concelhia.

Este ponto de encontro passou a ser a segunda casa dos comunistas de Sesimbra. Zacarias Lourenço é um dos muitos que vem ali buscar os jornais para depois os distribuir pelos moradores da Cooperativa Habitação Económica-União Trabalhadora Zambujalense, onde também habita. «Há muitos anos que tenho essa responsabilidade», afirmou, recordando que, logo a seguir ao 25 de Abril de 1974, na altura do Verão, chegou a vender mais de 70 jornais na praia.